Centro-Sul segue com venda de hidratado aquecida na 2ª quinzena de dezembro

O volume de etanol hidratado comercializado no mercado interno pelas unidades do Centro-Sul somou 858,11 milhões de litros na segunda quinzena de dezembro de 2018. Trata-se de um crescimento de 26,57% em relação ao mesmo período do ano anterior (678,00 milhões de litros).

No total do mês, as vendas de hidratado atingiram 1,79 bilhão de litros, alta de 25,26% sobre dezembro de 2017 (1,43 bilhão de litros). Esse volume, recorde para um mês de dezembro, deve-se à manutenção da competitividade do biocombustível frente à gasolina no mercado doméstico. É o início de ano mais vantajoso para o etanol nessa década.

Nas primeiras semanas de 2019 – conforme pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com dados compilados pela equipe técnica da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) – a paridade média entre os preços de bomba do etanol hidratado e da gasolina totalizou 65% no Brasil. Esse valor está muito aquém do rendimento técnico médio de 73% entre ambos os combustíveis.

Em pelos menos oito Estados – Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco e São Paulo – o renovável se mantém competitivo nos postos. Na capital paulista e no interior do Estado, por exemplo, a relação está abaixo dos 65%.

Em comparação a novembro de 2018, as vendas de etanol hidratado pelo Centro-Sul registraram queda de aproximadamente 40 milhões de litros – 1,79 bilhão em dezembro versus 1,83 bilhão no mês anterior.

Mas essa retração não aponta para uma perda de competitividade do renovável, mesmo com recuo corrente dos preços internacionais da gasolina. Reflete apenas a precificação pela Petrobras para os combustíveis fósseis, que tiveram seus preços sensivelmente reduzidos em dezembro. Como resultado dessa prática, as distribuidoras diminuíram seus estoques operacionais ao menor nível possível em função de mudanças nas políticas de compras do combustível decorrente de alteração da dinâmica de mercado.

Somando as vendas de etanol hidratado do Centro-Sul àquelas pelos produtores da região Nordeste – apuradas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) – o volume comercializado do biocombustível no Brasil totalizou 1,9 bilhão de litros em dezembro. Contudo, a demanda efetiva do mês será conhecida apenas quando ANP divulgar as estatísticas de vendas (entrega) de combustíveis pelas distribuidoras aos postos.

No caso do anidro, as vendas alcançaram 311,32 milhões de litros na segunda quinzena de dezembro; inferior aos 411,76 milhões observados no mesmo período do ano anterior. No mês, o volume atingiu 633,80 milhões de litros, contra 809,52 milhões em dezembro de 2017. Essa redução decorre da maior participação do hidratado no mercado de combustíveis do ciclo otto.

No acumulado entre abril até 31 de dezembro, as vendas de etanol pelo Centro-Sul somaram 23,08 bilhões de litros – 16,19 bilhões de hidratado e 6,90 bilhões de anidro. Daquele total, 1,23 bilhão de litros foram para exportação e 21,86 bilhões para o mercado interno – com destaque para as vendas domésticas de hidratado, que somaram 15,67 bilhões de litros, um aumento acumulado de 35,48% sobre o último ano safra. Por fim, vale ressaltar que as vendas de etanol contabilizadas pela UNICA e MAPA não incorporam o produto importado.

Moagem e produção de açúcar e etanol

A quantidade de cana processada pelas usinas e destilarias do Centro-Sul totalizou 2,41 milhões de toneladas nos últimos 15 dias de dezembro de 2018. No acumulado desde o início da atual safra até 1º de janeiro de 2019, a moagem somou 562,03 milhões de toneladas, permanecendo abaixo do resultado apurado até a mesma data do ciclo 2017/2018 (583,24 milhões de toneladas).

Para o diretor Técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, a safra 2018/2019 está praticamente encerrada na região Centro-Sul. Ao longo de janeiro, 8 unidades processadoras de cana e 6 de milho seguirão em operação.

“Para o 1º trimestre de 2019, a quantidade de cana a ser moída dependerá das condições climáticas. Em dezembro, as chuvas ficaram aquém da média histórica (até 100 mm inferior) em muitos canaviais do Centro-Sul, o que compromete o ritmo de plantio e o desenvolvimento da cana. Nesse sentido, é cedo para fazer qualquer projeção sobre a oferta para a próxima safra”, destacou o executivo.

No agregado da safra 2018/2019, a produção de açúcar atingiu 26,34 milhões de toneladas frente às 35,83 milhões de toneladas no mesmo período de 2017. No caso do etanol, a produção acumulada alcançou 30,12 bilhões de litros, dos quais 9,11 bilhões foram de anidro e 21,01 bilhões de hidratado. Este último representa um crescimento de 44,27% quando comparado ao volume acumulado na safra 2017/2018 (14,57 bilhões de litros).

A produção de etanol a partir do milho totalizou 42,94 milhões litros na segunda metade de dezembro. No acumulado de 2018/2019 até 1º de janeiro, foram fabricados 512,81 milhões de litros, praticamente igual à produção observada para toda a safra 2017/2018 (521,49 milhões), mesmo restando ainda 6 quinzenas para o término oficial da safra corrente.

Ademais, os dados de safra corrente foram ajustados conforme reporte por unidades do Centro-Sul.

Produtividade e qualidade da matéria-prima

A concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) foi de 144,11 kg por tonelada de matéria-prima processada na segunda metade de dezembro; retração sobre os 147,88 kg contabilizados na mesma quinzena de 2017, uma queda de 2,55%. No acumulado desde o início do ciclo 2018/2019, o indicador atingiu 138,65 kg por tonelada, aumento de 0,93% em relação a 2017/2018.

Importante mencionar que devido ao descompasso entre a moagem, diante do encerramento da atual safra, e as quantidades de açúcar e etanol em processo, o ATR produto não acompanha os valores obtidos pelas análises laboratoriais que computam o ATR cana.

Dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) para uma amostra comum de 39 unidades indicam que o rendimento do canavial alcançou 64,09 toneladas por hectare colhido em dezembro de 2018, contra 64,23 toneladas no mesmo período de 2017.

No acumulado de abril a dezembro, a produtividade atingiu 73,3 toneladas por hectare, frente às 75,90 toneladas registradas até a mesma data da safra passada – retração de 3,38%. Essa redução de 2,60 toneladas por hectare colhido foi em parte compensada pelo acréscimo de 1,34 kg de ATR por tonelada processada. Unica

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