Chuvas beneficiam lavoura e safra da cana se estende no Centro-Sul do país

Até 15 de novembro, usinas moeram 544,5 milhões de toneladas, diz Unica. Produção de etanol tem alta de 2,14%, mas açúcar registra queda de 6,4%.

Dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apontam que a safra 2015/2016 deve se estender até o fim de dezembro na região Centro-Sul do país, devido à maior quantidade de chuva esse ano, que beneficiou os canaviais e, consequentemente, a qualidade da planta que está sendo colhida.

Ainda de acordo com a Unica, enquanto 78 usinas já haviam encerrado a moagem na primeira quinzena de novembro do ano passado, apenas 26 concluiram os trabalhos esse ano. A expectativa é que 590 milhões de toneladas de cana sejam moídas até o fim da safra.

“Os meses de chuva, que são janeiro, fevereiro e março, foram muito bons de chuva. Em abril, também choveu e, mesmo no período entre junho e julho, tivemos algumas chuvas esparsas, que contribuíram com a produção. Então, está sendo uma safra boa”, explicou o agricultor Roberto Rossetti de Ribeirão Preto (SP).

Até novembro, por exemplo, o município no noroeste paulista registrou 1.255,4 milímetros de chuva, contra 1.060 milímetros no ano passado, alta de 18%, segundo levantamento da Defesa Civil. O resultado refletiu nas lavouras: 544,5 milhões de toneladas de cana foram processadas na região Centro-Sul, ante 538,4 milhões no período do ciclo anterior.

Rossetti contou que plantou 500 hectares de cana. A área é a mesma do ano passado, mas a produção deve ser maior, justamente devido ao volume de chuvas. A expectativa do agricultor é colher 43 mil toneladas, 7,5% a mais que na safra anterior.

“A gente está conseguindo médias boas de produção. Os preços da cana também estão melhorando. Com a melhora na produção de açúcar e álcool, consequentemente o preço da cana também se eleva”, disse.

Etanol nas bombas
Outro destaque do balanço divulgado pela Unica é a alta de 2,14% na produção de etanol, ante a queda de 6,4% no total de açúcar produzido. O combustível somou 24,91 bilhões de litros, sendo 15,41 bilhões do tipo hidratado – usado no abastecimento dos veículos – e 9,49 bilhões de anidro – que é misturado à gasolina.

A explicação do presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise-Br), Antonio Eduardo Tonielo Filho, é que a alta no preço da gasolina, provocada pelo reajuste nas refinarias e pela elevação de tributos, levou os consumidores a comprarem mais etanol. No mesmo sentido, as usinas investiram nesse produto.

O levantamento da Unica com base em dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) comprova que o mercado doméstico de etanol hidratado está aquecido. Até outubro, foram consumidos 14,88 bilhões de litros, contra 10,4 bilhões no ano passado. Entre o total de etanol vendido, por outro lado, apenas 1,36 bilhão de litros foi destinado à exportação.

“Os preços começaram a reagir em setembro, só que o nosso ano termina em março, que é o ano-safra. Então, a recuperação começou e a média vai melhorar. Nos últimos quatro anos, a gente veio tendo prejuízos e várias usinas enfrentaram problemas financeiros e fecharam. A nossa previsão é cobrir os nossos custos”, afirmou Tonielo Filho.

Menos açúcar
No acumulado até 15 de novembro, a fabricação de açúcar totalizou 28,72 milhões de toneladas, segundo dados da Unica. No mesmo período do ano passado, já haviam sido produzidos quase 31 milhões de toneladas.

O volume de açúcar exportado também caiu 7,69%, passando de 14,3 mil toneladas para 13,2 mil na safra 2015/2016. O resultado também reflete a preferência dos usineiras pela produção de etanol.

Na usina administrada pelo diretor industrial Jairo Balbo, em Sertãozinho (SP), em torno de 55% do total de cana colhida foi destinado à produção de etanol. Balbo afirma, porém, que apesar do cenário positivo, os produtores da cadeia sucroenergética ainda não recuperaram as perdas dos últimos anos.

“Não significa que esse resultado vai resolver todos os problemas ocasionados pela crise. Foi uma safra de produtividade boa, com recuperação, deve ser melhor no ano que vem. Mas, em termos de preços, deixou muito a desejar porque realizamos dois terços da safra com preços baixos e com inflação alta, e isso significa prejuízo”, afirmou.

Portal G1

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