Ela já foi a queridinha do programa brasileiro de biodiesel, em meados de 2004, e serviu como munição para muitas brincadeiras infantis no campo (quem nunca fez uma guerrinha de semente?). Só que a semente de mamona, agora, foi transformada em cola adesiva por cientistas brasileiros, que não precisaram lançar mão de qualquer produto químico para obterem um produto resistente. A cola pode ser usada como uma alternativa sustentável e de baixo custo para a indústria.
A criação da “cola de mamona” foi anunciada nesta semana, em Piracicaba, interior de São Paulo, onde fica a sede da Faculdade de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq/Usp). O produto final, de acordo com a cientista Aline Cerchiari, também pode ser utilizado como impermeabilizante para madeiras de reflorestamento (madeira lamelada colada – MLC) e tem as mesmas características de resistência que os produtos químicos do mercado.
Segundo a cientista, para obter a cola (poliuretano) foi preciso extrair o o óleo da semente de mamona (o óleo principal ingrediente de colas adesivas) e para isso, ela utilizou uma prensa mecânica simples. Em algumas amostras, adicionou 15 tipos de aditivos naturais, como fibras, goma laca e glicerina orgânica que aumentassem a resistência do produto.
O objetivo principal de Cerchiari era conseguir produzir uma cola sem precisar comprar óleos produzidos com ingredientes químicos à disposição no mercado. “É uma alternativa totalmente sustentável ao uso de óleos disponíveis no mercado”, afirmou.
Toda a produção da cola foi feita com sementes de mamona selvagem coletadas na região de Piracicaba, e sementes da variedade Guarani, desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Os testes, de acordo com a cientista, mostraram que os dois produtos se tornaram resistentes quando expostos ao ar, sol, vento e luz.