A quantidade de cana-de-açúcar processada pelas usinas e destilarias do Centro-Sul atingiu 2,56 milhões de toneladas na segunda quinzena de dezembro de 2017. No acumulado desde o início da safra até 1º de janeiro de 2018, a moagem totalizou 583,39 milhões de toneladas, permanecendo abaixo do resultado apurado até a mesma data no ciclo 2016/2017 (592,05 milhões de toneladas).
Para o diretor Técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, “a safra 2017/2018 está praticamente encerrada na região Centro-Sul, pois apenas 4 unidades produtoras continuam em funcionamento após 1º de janeiro”. A quantidade de cana-de-açúcar que será processada em março, por sua vez, dependerá das condições climáticas a serem observadas nesse período de entressafra, destacou Rodrigues.
Qualidade da matéria-prima
No acumulado desde o começo do ciclo 2017/2018 até 1º de janeiro, a concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar atingiu 137,32 kg, incremento de 2,59% quando comparado ao mesmo período da safra anterior.
“Essa melhora na qualidade da matéria-prima compensou a redução de moagem registrada até o final de dezembro, evitando uma queda na quantidade de produtos obtidos a partir do processamento da cana na safra atual”, acrescentou Rodrigues.
Na última metade de dezembro, o teor de ATR alcançou expressivos 145,74 kg por tonelada de matéria-prima. Mas esse elevado valor do “ATR produto” deve ser analisado com muita cautela, pois é superior ao real índice verificado no laboratório das unidades produtoras..
O cálculo utilizado para obter o “ATR produto” se dá a partir do volume de cana-de-açúcar processada e das produções de etanol e de açúcar, tomando certas premissas relativas às perdas industriais e às eficiências de fermentação e de destilação. Diante desta metodologia de cálculo e considerando que quase 100% das unidades já finalizaram esta safra até 1º de janeiro, houve um descompasso entre a moagem registrada e o respectivo montante de produtos fabricados. Especificamente, a quantidade de cana-de-açúcar que estava em processamento não obteve sua respectiva contrapartida em produtos (etanol e açúcar), elevando, de maneira irreal, a qualidade da matéria-prima obtida por meio dessa sistemática de cálculo.
Produção de açúcar e etanol
Da quantidade total de cana-de-açúcar processada na segunda quinzena de dezembro, 68,75% destinaram-se à produção de etanol, ante 64,72% em igual intervalo de 2016. No acumulado desde o início da safra 2017/2018, este percentual alcançou 53,07%.
Com mais caldo direcionado ao renovável, sua fabricação totalizou 189,39 milhões de litros (183,24 milhões de litros de etanol hidratado e 6,15 milhões de litros de etanol anidro) nos 15 dias finais de dezembro de 2017. Esse resultado corresponde a um incremento de 12,33% sobre a mesma quinzena do ano anterior.
No caso do açúcar, foram 110,93 mil toneladas produzidas. Já no acumulado desde o início da safra 2017/2018 até 1º de janeiro de 2018, a quantidade fabricada somou 35,82 milhões de toneladas.
Em relação ao etanol, a produção acumulada atingiu 25,22 bilhões de litros, sendo 14,57 bilhões de litros de etanol hidratado e 10,66 bilhões de litros de etanol anidro.
Rodrigues explica que “a produção de etanol contabilizada pela UNICA inclui aquele fabricado a partir do milho”. A Entidade registrou 36,67 milhões de litros de etanol de milho produzidos na segunda quinzena de dezembro. No acumulado do ciclo atual, o volume fabricado alcançou 319,11 milhões de litros, muito acima dos 140,49 milhões de litros verificados em igual período de 2016.
Vendas de etanol
O volume de etanol comercializado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul, acumulado entre 1º de abril a 31 de dezembro de 2017, totalizou 19,99 bilhões de litros. Este resultado é 1,91% inferior aos 20,38 bilhões de litros observados no mesmo período de 2016.
Essa queda reflete, sobretudo, a redução de 6,89% das vendas domésticas de etanol anidro, que somaram 7,17 bilhões de litros no último ano. É oportuno mencionar que este montante não incorpora as importações totais do aditivo à região, mas apenas cerca de 30 milhões de litros importados e registrados via SAPCANA (Sistema de Acompanhamento de Produção Canavieira) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Em contrapartida, o volume acumulado comercializado de etanol hidratado no mercado interno aumentou ligeiramente: 0,22%. Atingiu 11,56 bilhões de litros, contra 11,54 bilhões de litros entre abril e dezembro de 2016.
Segundo o diretor Técnico da UNICA, “esse crescimento reduzido não retrata adequadamente a recuperação das vendas a partir de agosto de 2017”.
De fato, desde o início da safra 2017/2018 até 16 de agosto, as vendas quinzenais de etanol hidratado apresentavam recuo médio de 15% em relação ao volume registrado em 2016. A partir da segunda metade daquele mês até 31 de dezembro essa tendência se inverteu, e as vendas passaram a registrar aumento de 20%.
Com efeito, em dezembro o volume de etanol hidratado comercializado no mercado interno alcançou 1,43 bilhão de litros, expressiva alta de 26,83% comparativamente a 2016. Destas vendas, 677,34 milhões de litros ocorreram na segunda metade do mês.
Para Rodrigues, “esse volume indica um mercado aquecido, pois a entrega física de etanol pelas usinas do Centro-Sul em dezembro foi prejudicada pelo início da safra na região Nordeste e pelo provável efeito da importação de anidro, que pode ter estimulado a produção e as vendas de hidratado pelos produtores daquela região”. Além da retração nas transferências de etanol do Centro-Sul decorrente desse movimento, houve redução nos estoques dos distribuidores em dezembro, diminuindo a necessidade de compra de hidratado das usinas – tradicionalmente esses agentes buscam reduzir os volumes armazenados para fins de fechamento contábil no final do ano, acrescentou o executivo.
Em relação ao açúcar, a quantidade comercializada pelas usinas da região Centro-Sul no mercado interno cresceu 1,39% no comparativo de abril a dezembro de 2017 sobre o mesmo período de 2016. Por sua vez, a quantia destinada à exportação aumento 0,96%.
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