Com o início da mudança de temperatura, por conta da chegada do outono e aproximação do inverno, o Brasil terá que enfrentar mais um problema de saúde que afeta a população todos os anos: o aumento da incidência de doenças respiratórias e internações principalmente de crianças e idosos – grupo de risco do COVID-19, o coronavírus – por conta da poluição do ar.
Dados do SUS de 2008 até 2017 apontam que doenças relacionadas à poluição do ar foram um dos principais casos de internação hospitalar e representaram 12,5 bilhões de gastos com saúde pública. Em 2018, internações por problemas respiratórios custaram R$ 1,3 bilhão ao SUS, de acordo com o Ministério da Saúde.
“Se, por um lado, temos o coronavírus demandando uma quantidade maior de internações. Por outro, a poluição do ar também demanda leitos nos hospitais e atendimentos médicos. As internações decorrentes da poluição terão uma curva de agravamento a partir do próximo mês, coincidindo com o quadro de agravamento do COVID-19”, alerta o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.
Biodiesel contra coronavírus
Tokarski defende que as cidades adotem imediatamente uma medida preventiva contra a poluição, aumentando o uso de biocombustíveis e reduzindo o uso de combustíveis fósseis, o que pode ser feito sem nenhuma burocracia.
“Os governos estaduais e municipais estão adotando medidas para ampliar espaços nos hospitais, buscando até convênios com hotéis, por exemplo. Por outro lado, a redução de internações decorrentes da poluição pode ser feita de forma preventiva adotando o uso de misturas de diesel com maior proporção de biodiesel”.
Atualmente, todo o diesel vendido do Brasil conta com 12% de biodiesel. Esse percentual é mínimo e as cidades podem usar uma mistura maior do biocombustível para reduzir a poluição, defende a Ubrabio.
“Além dos benefícios sociais e ambientais o uso do biocombustível vai garantir inclusive a segurança energética do país, uma vez que a crise internacional pode afetar o abastecimento de diesel de petróleo que precisa ser importado”, destaca Tokarski, lembrando que o Brasil precisou importar 13 bilhões de litros de diesel em 2019.
São Paulo
Em São Paulo, cerca de 12% das internações por causas respiratórias são atribuídas aos poluentes presentes no ar. Segundo o professor da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Saldiva, as pessoas que viajam mais para trabalhar são as que concentram as maiores doses de poluição no organismo.
Um estudo coordenado por físicos da USP calculou que veículos movidos a diesel, como caminhões e ônibus, são responsáveis por cerca da metade da concentração de compostos tóxicos na atmosfera, tais como benzeno, tolueno e material particulado (compostos presentes no diesel fóssil e ausentes no biodiesel).
Os pesquisadores destacam que é um valor muito alto, uma vez que ônibus e caminhões representam somente 5% da frota veicular.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, um estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade estima que a poluição do ar deve causar quase 3 mil internações por ano na saúde pública, por conta de doenças respiratórias, cardiovasculares e por câncer de pulmão. Ubrabio