Participantes de audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados defenderam, nesta terça-feira (10), mais investimentos do governo no setor de etanol.
O presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Luiz Baptista Lins Rocha, disse que o aumento do dólar e das taxas de juros afetaram o endividamento do setor. “O segmento deve R$ 70 milhões só para bancos e 42% dessa dívida estão em dólar”, informou.
Rocha solicitou mais recursos para melhorar a eficiência energética do etanol na indústria automobilística. Segundo o dirigente, os motores flex não evoluíram na última década em relação ao rendimento da gasolina. “Esperamos que a eficiência chegue a 75%”.
Usinas fechadas
A deputada Tereza Cristina (PSB-MS), uma das autoras do requerimento que solicitou o debate na Câmara, também defendeu mais investimentos públicos na produção de etanol.
Segundo a parlamentar, desde 2008, 80 usinas foram fechadas e 67 estão em recuperação judicial. “E sabe-se lá quantas ainda vão sair, sobretudo, em razão da crise de crédito. Até o bom pagador não consegue crédito, a dívida líquida supera o seu faturamento. Será que está tudo errado? Ou faltam políticas públicas para o setor?”, cobrou.
Preço do combustível
Para André Rocha, o ideal é que a Petrobras estabeleça uma previsibilidade da política de preços da gasolina para que o segmento sucroenergético possa se planejar e se manter competitivo. Ele propôs ainda outras medidas, como aumento da mistura de etanol na gasolina, novas linhas de financiamento e o retorno da Cide.
“A CPMF pode arrecadar R$ 33 bilhões por ano e, pelo visto, não será aprovada antes do meio do próximo ano. A Cide, que pode começar a ser arrecada em 90 dias, já pode gerar R$ 20 bilhões por ano”, argumentou.
O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) criticou a Petrobras “por não se preocupar com o etanol e valorizar apenas os combustíveis fósseis” e defendeu um marco regulatório para o setor sucroenergético.
Clima
Por sua vez, o gerente de planejamento empresarial da Petrobras Biocombustível, Marcos Vinicius Guimarães da Silva, afirmou que a produção do etanol foi afetada por questões climáticas. “Após um ciclo de investimento, o setor enfrentou duas estiagens, que atrapalharam a safra. Em 2013 e 2014, houve chuva logo no momento da colheita”, declarou Silva.
O representante da Petrobras acrescentou que as mudanças de câmbio também afetaram a competitividade do setor. Segundo ele, os insumos importados, os fertilizantes, os catalizadores e os defensivos químicos trouxeram uma “escalada de custos”.
Marcos Vinícius explicou que, por essas razões, o setor encontra-se fortemente endividado. “Com menos cana, menos açúcar, tem-se menos geração de caixa para fazer frente aos pagamentos”, comentou. Ele reivindicou mais incentivos fiscais para as fontes renováveis. Agência Câmara