Voltados inicialmente para o mercado militar, os drones e vants (sigla de veículos aéreos não tripulados), têm conquistado outros mercados. Um deles foi o do entretenimento, como hobby. Mas outras áreas perceberam o potencial dessas aeronaves que agora são utilizadas na agricultura, monitoramento, reconhecimento tático, segurança, vigilância e mapeamento, entre outros.
Segundo o diretor da Gohobby, Fernando Villares, a venda desses equipamentos para o setor agrícola aqueceu o mercado este ano. “Nos últimos quatro meses vendemos mensalmente 30 unidades de modelos variados. Antes eram apenas dez por mês”, afirma. Otimista, Villares acredita que até o fim do ano o mercado estará ainda mais aquecido.
Os drones têm tamanhos e modelos variados. Um de grande saída na Gohobby é o Phantom. As características do Phantom são atrativas. O tamanho – que é aproximadamente 50 centímetros de diâmetro, o valor acessível – varia entre R$ 3 a 7 mil, e a possibilidade de adequar acessórios, como GPS, câmeras e afins. As aeronaves podem ser autônomas, semiautônomas e remotamente operadas. “Nos modelos autônomos basta programar as coordenadas e o programa de voo. Não é necessário um piloto”, afirma Villares.
No campo
Na zona rural os drones e os vants têm aberto mais espaço a cada dia. Por meio de imagens, os equipamentos podem detectar falhas nas plantações, áreas com falta ou excesso de água e onde é preciso utilizar agrotóxicos ou qualquer outro suplemento agrícola.
Lúcio Castro Jorge, pesquisador da Embrapa Instrumentação, complementa que com câmeras especiais e recursos de infravermelho, em um único sobrevoo se conhece a situação de saúde da plantação. Assim, é possível detectar se a lavoura está sofrendo com estresse hídrico, se um canavial tem falhas de pegamento, se um cafezal está com ferrugem, se o número de cabeças de uma boiada confere e assim por diante. No setor sucroenergético a novidade já foi testada pela usina São Fernando Açúcar e Álcool, em Dourados, em Mato Grosso do Sul.
Os drones se tornaram os “queridinhos” da agricultura de precisão. O pesquisador da Embrapa Instrumentação explica que o uso de vants na agricultura de precisão tem sido focada na utilização de sensores baseados em medidas de reflexão de radiação eletromagnética.
O especialista explica que para o desenvolvimento desse trabalho é preciso cumprir algumas etapas. A primeira é o planejamento de voo, seguido do voo com sobreposição, obtenção de imagens georreferenciadas, processamento das imagens, geração de mosaico, análise e geração de relatório.
A história
Desenvolvidos para fins militares, o uso dos drones têm crescido ao redor do mundo. Atualmente, mais de 40 países têm trabalhos de desenvolvimento de vants. Os Estados Unidos são os líderes em termo de tamanhos, tipos e sofisticação. O Japão se destaca com mais de dois mil vants aplicados em pulverização e em outras aplicações na agricultura. No Brasil, os primeiros surgiram na década de 80. Mesmo depois de 30 anos, a falta de legislação e regulamentação é o grande problema que impede o setor alavancar.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informa que está em processo de desenvolvimento a proposta de regulamentação de operações não experimentais de Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas civis em áreas segregadas. A proposta deverá ser submetida ao processo de audiência pública ainda este ano. Até lá, a Anac avalia caso a caso os requerimentos para esse tipo de operação.
A Agência complementa que a autorização é condição necessária, porém não única, para a operação de sistemas de aeronaves civis remotamente pilotadas no Brasil. Também é necessário obter autorização do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).
De acordo com a Anac, sete aeronaves remotamente pilotadas estão autorizadas a operar. Duas da Polícia Militar Ambiental de São Paulo (PMASP), uma do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) (órgão federal), duas da Polícia Federal e duas de empresas privadas.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia