Uma tecnologia que integra as cadeias produtivas de biocombustíveis e nutrição animal por meio do cultivo de cogumelos. Essa novidade é o que a Embrapa Agroenergia vai apresentar a partir de terça-feira (16), na AgroBrasília. A tecnologia consiste no cultivo de cogumelos capazes de crescer na torta do caroço de algodão, reduzindo a toxidez do produto e permitindo aumentar o uso desse material na alimentação de bovinos e inseri-lo nas cadeias produtivas de aves e suínos.
Os cogumelos foram identificados em projeto de pesquisa, desenvolvido em Brasília, que testou a capacidade de eles crescerem e removerem substâncias tóxicas não só na torta de algodão, mas também na de pinhão-manso (espécie com potencial para produção de óleos e bioprodutos). Para o caroço de algodão, foram avaliadas 34 espécies e, destas, 11 apresentaram essa capacidade. No caso do pinhão-manso, foram testadas 60 espécies de cogumelos, das quais quatro mostraram-se capazes de reduzir em 99% o conteúdo de éster de forbol, principal substância tóxica dos grãos dessa cultura.
O pesquisador Félix Siqueira, da Embrapa Agroenergia, explica que os cogumelos, que são macrofungos, promovem uma biotransformação dos compostos tóxicos, convertendo-os em outras moléculas. O cultivo de cogumelos nas tortas de pinhão-manso e algodão, além de resolver o problema da toxidez das respectivas tortas, pode ampliar a integração entre as cadeias produtivas de biocombustíveis, bioprodutos e de alimentos. O óleo do caroço do algodão já compõe cerca de 2% das matérias-primas utilizadas na produção de biodiesel; e o pinhão-manso ainda é uma espécie em processo de domesticação, mas tem grande potencial de integrar as cadeias produtivas de biocombustíveis, já que possui elevada produtividade de óleo vegetal.
Siqueira avalia que empresas do Distrito Federal e municípios do entorno têm condições muito favoráveis à adoção da tecnologia. A região abriga uma grande processadora de algodão e tem criadores de aves, suínos e bovinos em confinamento, o que demanda ração. Além disso, Brasília, com a renda per capta mais alta do País, apresenta elevado consumo de cogumelos. Com poucos fungicultores locais, boa parte do abastecimento se dá com a importação de outros estados.
A pesquisa está, neste momento, em fase de escalonamento de produção para que a tecnologia possa ganhar o mercado. Por isso, além de apresentá-la para o público, a Embrapa Agroenergia busca, nas feiras, parceiros para essa próxima etapa de desenvolvimento, conta o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso. Para empresas da área industrial, é possível fazer parcerias por meio da unidade Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) da Embrapa Agroenergia. (Saiba mais: https://goo.gl/zdFlwW).
A exposição estará na Vitrine da Embrapa, ao lado de outras tecnologias da Empresa, durante todo o evento, que acontece de 16 a 19/05, no PAD-DF. Na quarta-feira (17), às 9h, o pesquisador Félix Siqueira ministrará palestra sobre “Cultivo de cogumelos em tortas de oleaginosas: integrando a produção de biocombustíveis com nutrição humana e animal”, no próprio estande.
Esta é a 10ª edição da AgroBrasília, que é organizada pela Cooperativa Agropecuária do Distrito Federal (COOPA-DF). É uma das principais feiras do gênero no Brasil. Em 2016, recebeu recebendo 82 mil visitantes e 422 expositores. Mais informações: http://www.agrobrasilia.com.br/.
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