Entre janeiro e junho deste ano, o consumo médio mensal de 2.2 bilhões de litros de etanol (anidro e hidratado) pela frota flex evitou a emissão de 32 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, um recorde na série histórica em 15 anos – no 1º semestre de 2015, este valor foi de 29 milhões. O consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, destaca que o volume equivale ao que é emitido, em média, por cerca de 56 milhões de caminhões pesados, movidos a diesel, que trafegam entre São Paulo e Rio de Janeiro. Ou seja, não fosse o biocombustível produzido a partir da cana-de-açúcar, a quantidade de CO2 lançada pelo transporte motorizado seria muito maior.
As emissões mitigadas neste primeiro semestre também representam uma das melhores performances ambientais do etanol em carros flex desde 2003, quando os primeiros modelos começaram a rodar no País. Nestes últimos 15 anos, o uso do biocombustível já acumula uma redução superior a 480 milhões de toneladas de CO2, gás responsável pelo aquecimento global. Utilizando a mesma comparação, o total de emissão evitado pelo renovável da cana é comparável a cerca de 840 milhões de viagens de caminhão entre as duas cidades.
Estudos da USP revelam que a substituição da gasolina pelo combustível renovável produzido da cana proporciona uma queda significativa no número de internações e óbitos decorrentes de doenças respiratórias e cardiovasculares no sistema público de saúde.
“Se usássemos apenas combustível fóssil em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, teríamos um aumento de quase 10 mil novos casos de internação hospitalar em função somente dos poluentes gerados pela gasolina e diesel”, afirma Alfred Szwarc, citando dados do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP.
Tendo como pano de fundo as metas de desenvolvimento sustentável assumidas pelo Brasil até 2030 no Acordo do Clima, os pesquisadores da USP também projetaram os efeitos socioambientais e econômicos da maior participação dos biocombustíveis na matriz de energética no longo prazo. Nos próximos 12 anos, o etanol de cana, sozinho, proporcionaria uma redução adicional de emissões estimadas em 571 milhões de toneladas de CO2, o que evitaria 11 mil internações e quase 7 mil mortes no período. Segundo cálculos da USP, haveria uma economia de até US$ 23 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Outra forma de entender a importância da “descarbonização” proporcionada pelo uso biocombustível sucroenergético em carros flex no Brasil, seja na forma de anidro (misturado na gasolina na proporção de 27%) ou hidratado (direto na bomba), é a comparação com a redução que seria necessária para zerar a soma das emissões de quatro grandes nações sul-americanas ou de países industrializados em 2016.
“A frota flex brasileira deixou de emitir uma quantidade de CO2 maior do que foi lançado em conjunto por Argentina (209 milhões de toneladas – Mt), Chile (87 Mt), Colômbia (85 Mt) e Equador (40 MT). O mesmo pode ser dito sobre a emissão individual ocorrida no ano passado por potências europeias como Itália (359 Mt.), França (344 Mt) e Espanha (261 Mt)”, afirma o especialista. Estes e outros dados sobre os fluxos de carbono resultantes de atividades humanas e processos naturais estão disponíveis no site do Global Carbon Atlas – www.globalcarbonatlas.org –, uma plataforma online de consulta, lançada em 2013, com a participação de cientistas de diversos centros de pesquisa ao redor do mundo.
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