A pandemia mudou a vida de todos, inclusive os hábitos de consumo. Um deles foi de energia solar. No ano de 2020 foi apresentado um novo panorama: geração de energia solar distribuída, isso é, oriunda das placas solares em telhados de casas e comércios, foi superior aos das grandes usinas solares que fornecem eletricidade para o sistema interligado nacional, a chamada energia centralizada.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABsolar) 59% da energia solar gerada em solo brasileiro veio dos pequenos produtores. Márcio Trannin, vice-presidente de geração centralizada da Associação, explica que esse cenário foi ocasionado por alguns fatores. Um deles foi a ausência de leilões de venda de energia. “Em 2020 tivemos o cancelamento de mais um leilão, então é natural que exista certa estagnação do crescimento da geração centralizada, que está voltando via Mercado Livre”, explica.
Outro ponto é que o consumidor começou a buscar alternativas para reduzir as contas de energia, que se elevaram devido ao aumento do tempo das pessoas em casa. “Tivemos um quadro de busca de alternativas para se tentar otimizar os custos, tantas nas residências, como no comércio, permitindo um impulso na geração de energia distribuída”, afirma.
O setor ainda aguarda a inversão desta situação ainda neste ano, no qual terá ligeiramente mais energia das usinas do que dos telhados. “Essa não foi uma tendência aguardada pela ABsolar, a pandemia trouxe esse cenário. A energia solar centralizada ainda deve ser o carro chefe. Já que em cada projeto que entra em operação são adicionados uma grande quantidade de megawatts, assim, é necessário muitos locais de geração distribuição para alcançar a geração de um único projeto centralizado”, enfatiza.
Crescimento
Em 2017, o Brasil estava na 26ª colocação no ranking mundial de produção de energia solar fotovoltaica. A tecnologia apresentou um grande crescimento e já em 2019, o Brasil já está no 16º lugar.
No segmento de geração centralizada, o Brasil possui 3,0 gigawatts (GW) de potência instalada em usinas solares fotovoltaicas, o equivalente a 1,6% da matriz elétrica do País. Em 2019, a fonte foi a mais competitiva entre as fontes renováveis nos dois Leilões de Energia Nova, A-4 e A-6, com preços-médios abaixo dos US$ 21,00/MWh. Os dados são da ABsolar.
Atualmente, as usinas solares de grande porte são a sétima maior fonte de geração do Brasil, com empreendimentos em operação em nove estados brasileiros. No Nordeste estão na Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte, já no Sudeste em Minas Gerais e São Paulo e no Centro-Oeste, em Tocantins. Os investimentos acumulados deste segmento ultrapassam os R$ 15 bilhões.
Já na geração distribuída, são mais de 4,0 gigawatts de potência instalada, que representam R$ 20 bilhões em investimentos acumulados desde 2012. A tecnologia solar é utilizada atualmente em 99,9% de todas as conexões distribuídas no País, liderando com folga o segmento.
Na geração distribuída, Minas Gerais se destaca, com a potência instalada de 826,4 MW, correspondente a 18,9% da produção deste segmento no país. Apesar do Estado não ser a região que oferece o maior fator de radiação do Brasil, mesmo assim, se destaca. O primeiro fator é a região em que está. “Para o mercado livre, a região Sudeste é bem mais interessante que a Nordeste, sendo menos arriscado em relação a preços de mercado. No Norte mineiro temos fatores de radiação muito bons, área boa para financiamentos além de facilidades para atrair empreendimentos desta categoria, como um licenciamento simplificado”, explica Trannin.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia