Divulgação MME

Energia dos ventos pode atender toda a demanda brasileira

Os índices de dióxido de carbono atingiu, em 2018, 407,8 partes por milhão (ppm), 147% acima do registrado no nível pré-industrial de 1750. Segundo um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada às Nações Unidas, essa concentração de gases do efeito estufa no planeta representa  um recorde sem indícios de recuo.

O dióxido de carbono, de acordo com cientistas, é o principal causador do efeito estufa e está diretamente associado às atividades humanas. Uma alternativa para reduzir essa poluição é ampliar a produção de energias renováveis e não poluentes.

Uma opção é a energia eólica, que cresce consideravelmente no Brasil. De janeiro a agosto de 2019, a geração de energia pela força dos ventos foi de 5.501,52 MW médios ante 4.794,91 MW médios no mesmo período de 2018, o que representam um crescimento de 14,7%. Com isso, apenas em 2018, foram evitadas emissões de 20,58 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.

Para a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, estre crescimento se deve a construção e entrega continua de novos parques.  Ainda para a Associação a previsão é finalizar 2019 com uma produção de cerca de 15,5 GW.

O Brasil, em 2012, estava na 15ª colocação do ranking mundial de produção de energia eólica, e hoje, se consolidou na 8ª posição no ranking mundial. “Acreditamos que isso se deve a uma trajetória virtuosa de crescimento sustentável no Brasil, compatível com o desenvolvimento de uma indústria que foi criada praticamente do zero no País, o que foi o grande desafio deste período”, explica.  Ela complementa que há dez anos, o Brasil tinha pouco mais de 0,6 GW instalados, além de contar com mais 600 parques e com 7.500 aerogeradores em operação. De 2010 a 2018, o investimento no setor foi de US$ 31,2 bilhões, segundo dados da Bloomberg New Energy Finance. A energia eólica é a segunda principal fonte na matriz elétrica do Brasil, representando cerca de 9%.

Hoje a energia proveniente dos ventos conta com 613 parques eólicos, com 7.536 aerogeradores, distribuídos por 12 Estados brasileiros. O Rio Grande do Norte ganha destaque. Apenas esse Estado nordestino apresenta uma potência instalada de 4.128,3 MW . Na sequência, segue Bahia, Ceará e Rio Grande do Sul. Confira a evolução por estados:

De acordo com a ABEEólica, potencial eólico é mais de três vezes a necessidade de energia do país. Segundo Elbia, hoje somando todas as fontes de energia – nuclear, hídrica, térmica, eólica e outras -, a capacidade instalada do Brasil é da ordem de mais de 160 GW. De potencial eólico, são estimados mais de 500 GW. “Isso não significa, no entanto, que o Brasil poderia ser inteiramente abastecido por energia eólica. Há que se considerar algo muito importante: a matriz de geração de eletricidade de um País deve ser diversificada entre as demais fontes de geração e a expansão da matriz tende a se dar por meio de fontes renováveis, dentre as quais está a eólica”, pontua.

A presidente da Associação ainda afirma que considerando que o Brasil ainda tem um baixo consumo de eletricidade per capita e o crescimento estimado para o País, a energia eólica ainda possui muitas décadas de desenvolvimento e ótimas perspectivas de crescimento. “Sempre que falamos de contratações e do futuro da fonte eólica no Brasil é importante reiterar que nossa matriz elétrica tem a admirável qualidade de ser diversificada e assim deve continuar. Cada fonte tem seus méritos e precisamos de todas, especialmente se considerarmos que a expansão da matriz deve se dar majoritariamente por fontes renováveis. Do lado da energia eólica, o que podemos dizer é que a escolha de sua contratação faz sentido do ponto de vista técnico, social, ambiental e econômico, já que tem sido a mais competitiva nos últimos leilões. Não temos como saber quanto será contratado nos próximos leilões do mercado regulado, mas o futuro certamente é promissor para a fonte eólica”, explica.

Leilões

Em 2018, a energia eólica percorreu um caminho um pouco diferente. Neste ano, essa energia foi mais comercializada pelo mercado livre do que o regulado, isso é, pelos leilões regulados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Assim, para Gannoum, as próximas fronteiras desta energia são o desenvolvimento de novos modelos de negócios, como parques híbridos; do desenvolvimento das baterias, que evoluem rapidamente; da eólica offshore e da ampliação do mercado livre para eólica.

No mundo

Em 2018, foram instalados 51,3 GW de novas instalações de energia eólica no mundo, levando as  instalações cumulativas totais para até 591 GW.  China e EUA permaneceram os maiores mercados onshore com Nova capacidade de 21,2 GW e 7,6 GW respectivamente. O mercado europeu onshore instalou 9 GW.

 

Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia

 

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