É na zona rural do município de Quixeré, a 218 quilômetros da capital cearense, Fortaleza, que funciona a fábrica de polpa de frutas da Comunidade de Barreiras. Lá, toda a energia utilizada na confecção do produto é renovável. A ideia partiu do agricultor Francisco Ednaldo Clementino, no início de 2015, e hoje garante a renda de mais de 50 pessoas.
Francisco Ednaldo conseguiu o maquinário por meio do Fundo Estadual de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Fedaf). Mas, a partir de agora, agricultores familiares e assentados da reforma agrária têm mais uma opção para adquirir equipamentos de geração de energia solar e eólica, por um preço abaixo do praticado no mercado. O Programa Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), incluiu essas opções em seu catálogo de máquinas disponíveis para financiamento.
A ação é uma parceria do MDA com a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) e a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). O diretor do Programa Mais Alimentos, Lucas Ramalho, classifica o acordo como mais um impulso para o crescimento dos agricultores e explica porque resolveram investir na ação. “É um desafio posto para a humanidade como um todo. A gente passa por um contexto de aquecimento global, uma preocupação crescente com a sustentabilidade planetária e, o desafio da produção energética perpassa por todos os setores da sociedade. Existem muitos extrativistas que moram em locais que não são abastecidos por linhas de transmissão de energia elétrica e para essa população, em especial, a possibilidade desse tipo de tecnologia é uma solução importante”, destaca.
A utilização de energia renovável no campo pode ajudar a aumentar a produtividade e também levar mais condições ambientalmente corretas. Esse tipo de energia tem ampla variedade de aplicações no meio rural, como as placas fotovoltaicas – agora disponíveis no catálogo do Mais Alimentos. “Elas são capazes de gerar energia elétrica, por meio da captação da luz solar. Elas têm uma série de componentes usados em sequência. Então, tanto o suporte para fixação dessas placas, quanto cabeamentos, conversores de energia, baterias e uma série de equipamentos que funcionam em conjunto, para um sistema fotovoltaico, estarão passíveis de financiamento pelo Programa Mais Alimentos”, afirma o diretor.
Exemplo Quixeré
Assim que começou a utilizar energia eólica, a fábrica já reduziu os gastos com energia pela metade. “Gastávamos cerca de R$ 1,3 mil. Hoje pagamos R$ 400”, comemora. O agricultor conta que são inúmeros os benefícios em usar energia renovável. “Agora temos energia limpa e gastamos menos. É um conforto não se preocupar com o saldo de energia. Também conseguimos reduzir o preço da nossa mercadoria, o que nos permitiu concorrer com o produto no mercado”, explica Francisco.
O agricultor Francisco Ednaldo, presidente da Associação Comunitária Ribeirinha de Barreiras, que conta com 20 associados, já trabalha na implantação da segunda fábrica de beneficiamento de frutas, que será mais moderna e vai gerar mais emprego e renda na comunidade. “Ainda esse ano deve ficar pronta. Com a fábrica vamos poder empregar mais umas 30 pessoas”, comemora.
O financiamento
Ao adquirir os equipamentos, por meio do Programa Mais Alimentos, os agricultores familiares e assentados da reforma agrária financiam materiais com condições de crédito diferenciadas das praticadas no mercado. Além disso, todos os contratos incluirão os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater).
O investimento nesses equipamentos, segundo Lucas Ramalho, é alto e leva alguns anos para que haja compensação financeira. “Isso leva, dependendo do lugar, de sete a dez anos. Como o Mais Alimentos dá dez anos para o pagamento desses produtos o investimento compensa. O que o agricultor deixar de pagar com fatura de energia elétrica e economizar ele consegue fazer o pagamento do investimento”, explica. MDA