A crise mundial e, principalmente a crise no Brasil, tem sido a causa de muitos entraves na economia brasileira. A economia não traz bons sinais. O país entrou no que os especialistas chamam de recessão técnica.
A produção caiu na indústria, nos serviços e na agropecuária. Com a inflação e juros altos, o crédito ficou mais caro. Há incertezas quanto ao emprego, as famílias também estão comprando menos. O impacto da energia nos custos de produção é absolutamente significativo em tempos de crise.
O diretor-presidente do CIBIogás (Centro Internacional de Energias Renováveis, Rodrigo Regis de Almeida Galvão explica que a crise pode ser a alavanca para o crescimento das energias renováveis no país. O Brasil prevê investimentos de aproximadamente R$ 195 milhões em energia até 2018, sendo uma grande parcela deste valor é direcionado para as energias renováveis. Além disso, país tem uma demanda de energia crescente entre 4 e 4,5% por ano.
Para a CIBIogás ao transformar dejetos de animais e resíduos agrícolas em energia elétrica, térmica e biocombustível , o biogás mostra-se um forte aliado para aumentar a competitividade do agronegócio brasileiro e gerar renda para cooperativas e produtores rurais. “Além de abastecer a demanda interna de energia, reduzindo um grande custo de produção e garantindo a eficiência energética da propriedade rural ou empresa, o usuário ainda gera créditos na conta de luz”, afirma.
Galvão afirma que o biogás vai crescer no Brasil. Para ele, o combustível traz inúmeras vantagens econômicas, mesmo diante de um contexto de crise. “Um bom exemplo é o biometano (biocombustível advindo do refino do biogás), que é o resultado da transformação de dejetos de animais ou resíduos da agricultura e que pode ser utilizado em veículos. Tem retorno de investimento varia de cinco a oito anos, dependendo da tecnologia implantada”, explica.
“Se por um lado a crise econômica traz dificuldades para algumas áreas, por outro oferece a oportunidade de expor a necessidade das atividades econômicas tornarem mais eficientes suas rotinas operacionais,” comenta o Presidente da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABIOGÁS ), Cícero Bley Junior. Assim, a área do biogás, a ABIOGÁS propõe ao Governo Federal e seus ministérios e agências a criação de um Programa Nacional de Biogás e Biometano. “Espera-se que o tráfego dessa proposta por todos os segmentos que se relacionam com o tema possa resultar em uma política pública que contribua decisivamente para a construção de novos caminhos no Brasil, neste que é um setor portador de nosso futuro, a energia”, explica.
O diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia afirma que o momento é de turbulência no país, mas não é para o setor. “O setor de energia solar fotovoltaica continua forte, mais acessível à população e economicamente mais viável. Já que e energia elétrica tradicional está bem mais cara”, pontua.
Já os produtores de biodiesel acreditam no Brasil e na sua recuperação. Para o Diretor-superintendente da Associação dos Produtores de Biodisel do Brasil (APROBIO), Julio Cesar Minelli desde que as condições de comercialização permitam às empresas manter a saúde financeira e gerenciar de forma adequada a oscilação das cotações de dólar e commodities, o setor vai continuar forte e pronto a novos desafios.
Minelli complementa que o biodiesel possui uma capacidade produtiva instalada e ociosa na ordem de 45%. “É um dos poucos setores pronto para crescer e ajudar na recuperação econômica do país, uma vez que tem uma capacidade maior de gerar empregos e PIB”, pontua.
Dos ventos
A indústria de energia eólica também está vivendo e viverá um futuro virtuoso de crescimento nos próximos 10 a 15 anos, tendo em vista o grande potencial eólico que o país possui e o fato desta fonte ser limpa, renovável e competitiva, garantindo um lugar de destaque na matriz elétrica nacional no longo prazo.
Elbia Silva Gannoum, Presidente Executiva daAssociação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) afirma que em 2020 a fonte eólica será a segunda fonte de energia da matriz elétrica nacional, com cerca de 10% da matriz. Para alcançar esta meta foi apresentado pelo Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) perspectivas de investimentos na faixa de R$ 10 a 15 milhões entre 2015 e 2017.
Outro ponto é o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024), publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que prevê aumento gradativo de capacidade instalada eólica na matriz elétrica brasileira, representando cerca de 12% com 24 GW em 2024.
“Apesar disso, em conjuntura de ajuste fiscal, as condições de financiamento têm sido uma incerteza para a indústria eólica, uma vez a participação do BNDES nos financiamentos desses projetos é importante e significativa, o que tem trazido mais atenção e desafios aos investidores desta indústria. E, neste aspecto, há necessidade de manutenção dos financiamentos com estabilidade de condições, caso contrário o Brasil pode perder uma grande oportunidade de entrar na fase de sustentabilidade de uma indústria que vem em curtíssimo prazo desenvolvimento uma sofisticada cadeia produtiva, trazendo consigo grandes benefícios para o país”, complementa Gannoum.
Para os executivos, a discussão sobre energia no Brasil deve ser mais ampla e mais profunda, pois o setor energético é um forte contribuinte para agravar ou amenizar a crise. “Um país autossuficiente em energia é um Estado que tem condições de crescer e se desenvolver econômica e socialmente”, frisa Rodrigo Regis de Almeida Galvão.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia