Investir em energias renováveis é fundamental para que o Brasil alcance a meta de reduzir em 43% até 2030 sua emissão de gases de efeito estufa e ajudar a manter o aquecimento global abaixo de dois graus Celsius, limite fixado no acordo do Clima de Paris, assinado em 2015. A constatação foi feita por participantes de audiência pública na Comissão Senado do Futuro (CSF). Convocada para debater “A energia solar como vetor de desenvolvimento social”, a audiência evidenciou que o Brasil desperdiça a capacidade de produção desse tipo de energia. Atualmente, a participação da fonte solar na matriz energética representa apenas 0,02% do total produzido no país.
Segundo Everton Lucero, secretário de Mudança do Clima e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, o desafio do clima impõe a necessidade de o país repensar seu desenvolvimento:
— Qual o modelo de desenvolvimento que queremos para o país nos próximos anos? Energia solar tem importante papel para implementarmos o Acordo de Paris e adotarmos um modelo de desenvolvimento de baixo carbono – disse Lucero.
Microgeração
Entre os desafios citados para ampliar a produção de energia solar, estão os custos elevados e a ausência de linhas de crédito subsidiadas para empresários e potenciais consumidores.
— A questão do financiamento é um nó que precisamos resolver e só vamos resolver esse nó com uma decisão política – destacou Lucero.
O presidente da Comissão Senado do Futuro, senador Hélio José (PMDB-DF), disse que o país precisa de um marco regulatório para o setor e cobrou do governo maior atenção para a questão das energias alternativas.
— Estamos diante de mudanças radicais na forma de viver. É um momento fundamental para repensar nosso futuro e a energia solar é símbolo de esperança em um mundo melhor – salientou.
Para Hewerton Martins, vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Solar, o investimento na micro e mini geração distribuída (geração de energia pelos próprios consumidores) vai reduzir a conta de luz do cidadão e os gastos do governo com transmissão e distribuição.
— Não é um projeto para o futuro, mas para o presente. Já temos capacidade de produzir, precisamos agora aumentar a escala – apontou.
Exemplo alemão
A Alemanha está em meio a uma transição energética para abandonar o carvão e as usinas nucleares, estratégia que colocou o país na liderança da energia solar. O exemplo alemão foi citado por Rafael Shayani, professor da Universidade de Brasília (UnB), como modelo que deveria ser seguido pelo Brasil. Ele enfatizou nosso potencial:
— A energia solar é democrática, ela incide no mundo todo. A região com maior incidência de sol na Alemanha tem menos sol do que a região mais nublada do Brasil – apontou.
Benefícios sociais
Alina Gilamanova, pesquisadora da Universidade de Campinas (Unicamp), disse que o Brasil poderia se inspirar em outros países como a China que tem um programa de energia solar como instrumento de política social. Hoje, disse ela, 30 milhões de chineses contam com energia elétrica graças a uma política subsidiada de produção de energia solar. Ela e outros participantes citaram ainda os pontos positivos da instalação de painéis fotovoltaicos em escolas, hospitais e outros prédios públicos.
Agência Senado