O Brasil é conhecido por ser um país tropical de sol abundante. E a energia proveniente do sol pode abastecer casas, prédios públicos, comércios. A energia fotovoltaica é realidade no país e tem potencial, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), para abastecer 2,3 vezes toda a demanda residencial do Brasil.
O presidente Absolar, Rodrigo Sauaia, pontua que essa produção seria possível se todos os telhados de residências brasileiras fossem aproveitados para geração distribuída solar fotovoltaica. “Só os telhados residenciais do país seriam capazes de suprir a demanda por mais de duas vezes dos domicílios brasileiros”, exemplifica.
Estes dados são a prova do enorme potencial desta tecnologia. “A energia fotovoltaica auxilia a reduzir os gastos de consumidores com energia elétrica, tem contribuído para reaquecer a economia do país e gerar empregos locais e de qualidade para a população”, comenta. São criados aproximadamente de 25 a 30 empregos diretos para cada megawatt instalado em um ano.
“No que depender de recurso solar, o Brasil está muito bem posicionado no âmbito internacional para se tornar uma referência em energia solar fotovoltaica. Mas a maioria deste potencial ainda não está aproveitada”, explica o presidente da Absolar.
Por isso é possível multiplicar e aumentar a geração de energia limpa e renovável e de baixo impacto ambiental. Basta a energia solar também ser gerada em estacionamentos, prédios públicos, edifícios comerciais e tantos outros. Segundo Rodrigo, no que depender da fonte solar fotovoltaica, ainda existe muita oportunidade de redução de gastos, crescimento e desenvolvimento, com responsabilidade e sustentabilidade.
A energia solar de micro e minigeração atingiu o patamar de 111 megawatts (MW) de capacidade instalada. Destes, 77,6 MW, mais de 69%, são provenientes da fonte solar fotovoltaica, capaz de gerar energia elétrica suficiente para abastecer mais de 45 mil residências.
Números positivos
A energia solar fotovoltaica teve um crescimento de 447,78% nos últimos dois anos – de 1.827 sistemas para mais de 7.600 sistemas de micro e minigerações no Brasil em 2016. E atualmente, em apenas um ano cresceu quase 32%. O Brasil atingiu a marca histórica de 10 mil sistemas solares fotovoltaicos operacionais.
De acordo com a Absolar, são 10.008 sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede elétrica, que geram créditos e beneficiam um total de 11.063 unidades consumidoras. Isso representa um acumulado de mais de R$ 620 milhões em investimentos privados nesta tecnologia espalhados pelo país. O Estado de Minas Gerais se destaca com 2.225 instalações.
Dentre as unidades consumidoras beneficiadas por sistemas solares fotovoltaicos, 78,2% – a maior parcela – é de residências, seguida de comércios (16,7%), indústrias (2,0%), consumidores rurais (1,7%) e outros tipos, como iluminação pública (0,1%), serviços públicos (0,2%) e consumidores do poder público (1,1%).
Custos do sistema
O valor de investimento em um sistema de energia fotovoltaica depende do tamanho e da complexidade da instalação. Um sistema é composto praticamente por quatro equipamentos principais: módulo fotovoltaico, imersor, estrutura de suporte e materiais elétricos.
Para uma casa de duas a três pessoas, com sistema de 1.6Kwp o investimento é entre R$ 12,7 mil a R$ 16,9 mil. Mesmo com o alto custo de implantação há amortização de gastos com energia. Além disso, alguns estados brasileiros já realizam financiamentos com baixos juros. Para se exemplificar, em um investimento de R$ 25 mil em um sistema de energia fotovoltaica a economia na geração de energia é de aproximadamente R$ 3,3 mil. O gasto de manutenção é nulo, assim, o ganho anual é de R$ 3,3 mil.
Devido a longevidade do equipamento, de 25 anos, a energia fotovoltaica é mais barata que a da rede elétrica tradicional. Em Minas Gerais, por exemplo, em uma residência que investiu R$ 25 mil no sistema. Durante a vida útil do equipamento serão investidos em manutenção cerca de R$ 6 mil, totalizando R$ 31 mil de gastos. A energia gerada neste período é de aproximadamente 94.000kWh. No cálculo de investimento versus o custo a energia residencial da rede é aproximadamente R$ 0,80/kWh e a energia solar do investimento sai por R$0,31/kWh.
Legislação
Atualmente, 23 estados brasileiros mais o Distrito Federal já aderiram ao Convênio ICMS nº 16/2015, que autoriza os governos estaduais a isentarem o ICMS sobre a energia injetada na rede e compensada na geração distribuída. O mais recente foi o Amapá, em maio deste ano. Este benefício atinge cerca de 177,7 milhões de brasileiros, o que corresponde a mais de 87,4% da população do país.
Goiás, São Paulo e Pernambuco lideram a adesão ao convênio. Ainda faltam aderir ao acordo os estados do Amazonas, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia