Renewable energy captured by solar panels under a clear sky.

Energia solar fotovoltaica desempenha um papel fundamental na transição energética

Balanço

Atualmente, a fonte solar representa 18,2% da matriz elétrica brasileira. De acordo com a ABSOLAR, o setor fotovoltaico já evitou a emissão de 52 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade. Desde 2012, os negócios no setor garantiram mais de R$ 62 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.

Na geração distribuída, são 29,2 GW de potência instalada da fonte solar, o que equivale a cerca de R$ 143,4 bilhões em investimentos e R$ 43 bilhões em arrecadação, além de mais de 876 mil empregos verdes acumulados desde 2012, distribuídos pelas cinco regiões do Brasil. A tecnologia solar é utilizada em 99,9% de todas as conexões de geração distribuída no país, liderando com folga o segmento.

No segmento de geração centralizada, as grandes usinas solares possuem mais de 13,8 GW de potência no país, com cerca de R$ 58,9 bilhões em investimentos acumulados e mais de 414 mil empregos verdes gerados desde 2012.

Confira a entrevista com o diretor técnico regulatório da ABSOLAR, Carlos Dornellas.

Canal- Jornal da Bioenergia: Qual é o papel estratégico da energia solar na redução de emissões de gases de efeito estufa e no combate às mudanças climáticas?

Carlos Dornellas: A energia solar fotovoltaica desempenha um papel fundamental na transição energética. Como fonte limpa e sustentável, ela contribui significativamente para a geração de empregos verdes e para a arrecadação de tributos que os municípios podem investir em atividades essenciais para a sociedade brasileira. Além disso, a energia solar promove a criação de empregos em diversas regiões do país.

Outro aspecto crucial é a sua importância na redução das emissões de gases de efeito estufa. Ao gerar energia limpa e sustentável, a energia solar diminui a necessidade de produção de energia térmica, que é tanto cara quanto poluente. Dessa forma, a energia solar fotovoltaica não apenas ajuda a combater as mudanças climáticas, mas também proporciona benefícios econômicos e sociais significativos.

Canal: Como a recente marca de 43 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar fotovoltaica impacta a matriz energética do Brasil? Quais são os principais desafios para ampliação desse setor?

Carlos: A fonte solar fotovoltaica já ocupa a segunda posição na matriz elétrica brasileira, devido ao seu crescimento vertiginoso desde 2012. Ela ultrapassou as fontes eólicas e está abaixo apenas das fontes hidráulicas. Segundo estudos da Bloomberg, até 2040, a energia solar deve superar as fontes hidráulicas, assumindo o primeiro lugar. Embora hoje já tenha um destaque significativo, a energia solar pode ganhar ainda mais importância nos próximos anos, mantendo seu crescimento e alcançando um protagonismo ainda maior em 2040.

Quais são os principais desafios para a expansão desse setor? O maior obstáculo está na área regulatória. Atualmente, existem questões que afetam tanto a geração própria de energia solar, de menor porte, quanto a geração centralizada, de maior porte. O principal desafio está na conexão desses empreendimentos à rede elétrica. São situações semelhantes que poderiam ser resolvidas com uma abordagem regulatória adequada.

Canal: De que forma o mercado livre tem contribuído para o crescimento do setor de energia solar?

Carlos: O mercado livre é um ambiente fundamental para as fontes de maior porte, especialmente aquelas de geração centralizada. Nele, investidores em fontes solares podem negociar preço e prazo livremente com os consumidores de energia. A modalidade de autoprodução, uma característica do mercado livre de energia, tem sido particularmente relevante para a expansão das fontes solares de grande escala.

As fontes de menor porte, como os telhados solares, também têm crescido exponencialmente. No entanto, atualmente, elas não podem acessar o mercado livre de energia. Talvez, com uma futura expansão e maior abertura do mercado livre, essa possibilidade se torne viável.

Canal: Quais são os cenários em que o Brasil poderia liderar a transição energética, especialmente no que diz respeito à energia solar?

Carlos:  Estamos progredindo muito bem no Brasil em termos de crescimento da energia solar fotovoltaica, com um aumento exponencial ao longo dos anos. Esse crescimento se deve principalmente à expansão da geração própria de energia solar, através dos telhados solares, onde a sociedade opta por instalar módulos solares em residências, comércios e pequenas indústrias.

No entanto, no cenário global, ainda temos um grande potencial a ser explorado. Estamos atrás de países menores em extensão territorial, como o Japão, que incentivam a energia solar de forma mais eficaz. Portanto, embora tenhamos avançado significativamente, há ainda muito espaço para melhorias e para um crescimento ainda maior.

Canal: Os financiamentos para projetos de energia solar no Brasil ainda estão disponíveis? Quais são os principais programas ou fontes de financiamento?

Carlos:  É uma pergunta interessante, pois pode parecer que investir em telhados solares é caro. No entanto, é importante destacar que existem mais de 100 linhas de financiamento disponíveis para que as famílias possam investir em telhados solares. Isso permite que elas economizem significativamente nas contas de luz, com uma redução de até 90% em relação à tarifa de energia regulada.

Além disso, cada vez mais bancos comerciais, conhecidos pela população, estão oferecendo linhas de financiamento para esse tipo de investimento. Isso torna a instalação de telhados solares mais acessível e atrativa para um número crescente de pessoas.

Canal: Como o custo da energia solar tem evoluído no Brasil ao longo dos anos? O país ainda depende significativamente de componentes e equipamentos estrangeiros para a energia solar?

Carlos:  Estamos vivendo o momento ideal para investir em telhados solares no Brasil. Isso se deve à significativa redução de mais de 50% no custo dos módulos solares D24 ou M24 em comparação com o ano passado. Portanto, reforço que é um momento extremamente favorável para as famílias considerarem a instalação de telhados solares.

É importante ressaltar que os componentes eletrônicos utilizados, em sua maioria, são provenientes da China, que é o principal fornecedor de módulos solares e equipamentos relacionados em todo o mundo, não apenas no Brasil. A China se destacou ao investir precocemente em pesquisa, desenvolvimento e inovação em energia solar fotovoltaica, o que contribuiu significativamente para a disponibilidade e acessibilidade desses componentes no mercado global.

Cejane Pupulin/ Canal – Jornal da Bioenergia 

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