Entrevista: André Rocha-Presidente-Executivo do Sifaeg/Sifaçúcar

André Rocha é engenheiro civil e preside também o Fórum Nacional Sucroenergético (FNS), que tem sede em Brasília, (DF).  Ao todo, representantes de entidades de 15 estados produtores de etanol, açúcar e bioeletricidade participam do Fórum.

Quais serão as principais ações do Fórum Sucroenergético neste ano?

O Fórum Nacional Sucroenergético vai buscar políticas que garantam a competitividade dos nossos produtos – etanol, açúcar e energia -, principalmente no mercado interno.

Os pontos de trabalho serão a discussão da Cide Ambiental, que visa ampliar o número de estados com diferenças de alíquotas de ICMS de etanol e gasolina (e que elas tragam efetiva competitividade) e a melhoria da eficiência do motor flex.

Temos também o desafio de fazer um trabalho para combater a imagem negativa do açúcar, com estudos técnicos de especialistas renomados, para acabar com mitos e preconceitos em relação ao produto, por meio de uma campanha chamada “Doce Equilíbrio”.

Outro desafio é conseguir crédito, com taxas condizentes,  para o setor e programas governamentais – como Pro-Renova, Warrantagem etc.

Esperamos a simplificação para obtenção desses recursos e que eles saiam na época correta. Precisamos também de uma política de preços que atraia os investimentos em cogeração e eficiência energética.

 

O ano de 2015 foi positivo para o setor?

Sim. Foi um ano melhor que os anteriores. Tivemos:

– Aumento da mistura do etanol anidro na gasolina;

– Crescimento de mercado devido a mudança das alíquotas de ICMS de gasolina e etanol em Minas Gerais – mas também no Paraná e Bahia, nestes  últimos casos só aumento da alíquota da gasolina – e em função do retorno da CIDE e do aumento do preço da gasolina por parte da Petrobras;

– Retorno da CIDE e aumento temporário do PIS/COFINS que trouxeram maior competitividade ao etanol.

Infelizmente tivemos também:

– Aumento de custos de produção por causa da alta dos preços do diesel, dos fertilizantes e da mão-de-obra;

– Aumento dos custos financeiros: alta da SELIC e do dólar. 42 % da dívida do setor é na moeda estrangeira;

– Restrição de crédito, que fez com que o preço médio da safra até setembro fosse menor em 5% em relação à safra anterior;

– Retração econômica;

– Menor venda de veículos novos.

Tivemos um aumento elevado no consumo de etanol hidratado, mas infelizmente só tivemos preços acima dos custos de produção a partir de outubro, quando a maior parte das unidades em dificuldades financeiras, já havia vendido a sua produção.

Quanto ao açúcar, apesar da depreciação do real (e alta do dólar), tivemos preços baixos no mercado internacional e no mercado interno. Houve alta do produto apenas no fim do ano, pela percepção de declínio nos estoques mundiais.

Quais ações são esperadas para aprimorar este segmento agora em 2016?

Três pontos são importantes:

– Precisamos melhorar os preços de referência para atrair interessados em expandir a produção;

– Continuar com leilões dedicados ao setor de bioeletricidade;

– Desenvolver linhas mais ágeis e menos burocráticas de financiamentos para compras de equipamento.

Haverá crescimento da produção brasileira e goiana em 2016?

Acredito que haverá crescimento da produção de cana-de-açúcar e também de etanol em função do aumento de consumo e da necessidade de caixa das empresas.

Quanto à produção de açúcar , deverá ser praticamente a mesma da safra que  terminou – a menos que haja uma mudança dos preços do mercado internacional.

A produção de Goiás deve crescer, sobretudo com o aumento de produtividade. Teremos também uma nova unidade em safra: Eber Bio, no município de Montes Claros.

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