Antonio Chavaglia é presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo). Chavaglia é produtor de soja e milho, natural de Aramina (SP), e iniciou suas atividades cooperativistas em 1974, já em Goiás. No ano seguinte, juntamente com um grupo de produtores rurais, fundou a Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano, em Rio Verde (GO). Já foi o líder cooperativista mais votado do Brasil em 2003.
Canal: A Comigo realiza a Tecnoshow em um cenário de crise econômica. Existem boas expectativas de resultados comerciais do evento apesar disso?
Antonio Chavaglia: Lamentavelmente existe uma crise no Brasil como um todo que não deixa de prejudicar o campo. As incertezas geram receio no produtor de não ter bons resultados nos anos vindouros. Porém, acreditamos que o agricultor deve continuar investindo, principalmente na aquisição de máquinas que permite a me-lhora na relação de trabalho no campo, com aumento de tecnologia e maior qualificação da mão de obra.
A Tecnoshow é uma feira importante para o produtor. Uma oportunidade para se inteirar das novidades nos estantes e conferir os conteúdos das palestras. Quanto mais informação, melhor a tomada de decisão do produtor.
Na feira as empresas apresentam novas tecnologias na área de máquinas e equipamentos e também colocam no mercado novos cultivares, novos inseticidas e herbicidas – inclusive com lançamentos para o combate a ferrugem, percevejos e outros.
Canal: A Tecnoshow sofreu redução de tamanho por causa da crise financeira ou os expositores seguem conscientes da importância do evento?
Antonio Chavaglia: Tivemos até aumento no número de expositores. Acreditamos que a feira está em um tamanho bom, com a presença de empresas nacionais e internacionais que permite um amplo panorama. Não adianta ter uma feira muito grande e não ter conteúdo. A Tecnoshow está ideal para atender bem o expositor, o agricultor e o visitante.
Canal: Quais são os grandes destaques desta edição da feira? O que há de novidades na Tecnoshow?
Antonio Chavaglia Os visitantes de várias regiões do Brasil e até de outros países que passarem pelo CTC nos cinco dias do evento encontram o que há de mais mo-derno em máquinas, veículos e equipamentos agropecuários, insumos, plots agrícolas com vários experimentos, além de demonstrações de resultados de pesquisas, lançamentos de novas variedades para diversas culturas, atividades socioambientais, palestras com renomados especialistas do setor, dinâmicas de pecuária e de máquinas, entre outras. Linhas de crédito e financiamento voltadas para o produtor rural também estão disponíveis por meio da participação de instituições financeiras. Trata-se de uma semana intensa de ações envolvendo o agronegócio.
Canal: Como o agronegócio está enfrentando a crise econômica e política?
Antonio Chavaglia: A crise econômica e política destrói, às vezes, anos de trabalho. A questão política é muito séria e a econômica é pior ainda. A primeira atrapa- lha a economia, derrubando as aplicações e a segurança de investir no Brasil.
Ainda aguardamos a normalidade econômica brasileira. Continuamos acreditando no Brasil e na geração de emprego e renda.
Canal: Particularmente em Goiás, qual é o cenário?
Antonio Chavaglia: Em Goiás, o cenário é positivo. Ano passado a safrinha foi muito ruim, devido aos altos preços poucos produtores aproveitaram a oportunidade para a aquisição do milho, já outros não produziram nada, com prejuízo de 100%. Na soja a produtividade foi muito boa. Quem vendeu antecipado conseguiu uma boa média.
Neste momento, os preços estão achatados devido a safra dos Estados Unidos que se inicia apenas em maio. Por isso, só em julho saberemos a situação real das safras de milho e soja deste país. Outro problema é o dólar, que ainda não é suficiente para alavancar os preços. Se a moeda americana ficar no patamar de R$3,50 ou superior, os valores podem melhorar para o produtor. Acredito que uma possível recuperação aconteça a partir do meio do ano em especial na agropecuária, mas deixando muitos prejuízos pelo caminho.
Canal: O setor produtivo rural tem expectativas boas quanto ao futuro do agronegócio nacional? Quais os maiores desafios para o setor?
Antonio Chavaglia: Os desafios são muito grandes, já que o consumo mundial não deixa de crescer. Até a própria FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) fala que o Brasil será o grande celeiro dos próximos dez anos. Nós conti nuamos acreditando nisso. A agricultura brasileira não aumentará muito a área, a produtividade será acrescida com o uso de tecnologia e com o equilíbrio do clima. mento de área.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia