O empresário e presidente da União dos Produtores de Bioenergia (UDOP), Celso Junqueira Franco espera que este ano de 2016 seja favorável para o setor sucroenergético. Ele acredita em uma pequena reação do mercado.
Teremos uma lenta recuperação
Quais os principais avanços do setor em 2015? Quais dificuldades não foram superadas?
Em 2015, o apoio do governo federal permitiu o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina para 27%, o que ajudou na expansão de mercado que as usinas tanto precisavam.
O retorno parcial da CIDE, que ampliou o uso do etanol hidratado em comparação à gasolina, também foi de suma importância.
O ano passado foi marcado pela redução na produção de açúcar, devido aos estoques mundiais elevados, e ampliação da produção do etanol. O final do ano foi marcado pela reação de ajuste no mercado com a elevação dos preços dos produtos.
A produção de 2015 sofreu os efeitos da estiagem de 2014, baixando o volume de produção dos canaviais na maioria dos Estados produtores de cana-de-açúcar.
Ainda no ano passado, as chuvas intensas dificultaram o processamento da cana e permitiram a perda de qualidade da matéria-prima, com um volume de ATR baixo.
Quais as expectativas para o ano de 2016?
Os efeitos das chuvas de 2015 serão favoráveis à produção de safra que está por vir. A expectativa é que haja um aumento da produção de 5 a 7% em comparação à safra de 2015. Também é esperado um aumento de qualidade da cana de 2 a 3%, sendo superior a taxa de ATR de 2015 em até 10%.
Espera-se retorno de rentabilidade no açúcar. O etanol deve se manter estável. A elevação de volume de ATR deve ir para o açúcar.
O setor está reagindo?
Não podemos dizer que 2016 será o ano da virada no setor. Ainda há grandes unidades sofrendo pressão negativa. O ano passado encerrou com empresas com grandes disparidades, é provável que esta disparidade financeira continue mesmo com a pequena elevação dos produtos.
A elevação da taxa de câmbio melhorou a remuneração do açúcar. Esta alta do dólar não impactou o etanol. O mesmo jeito que influenciou o açúcar, impactou as empresas que devem na moeda estrangeira. Não vejo um cenário de recuperação do setor, algumas empresas que estavam em boa condição vão permanecer. Mas não haverá ainda investimento para ações de crescimento do setor sucroenergético.
CANAL-JORNAL DA BIOENERGIA