O empresário e presidente da União dos Produtores de Bioenergia (UDOP), Celso Junqueira Franco, eleito por dois mandatos consecutivos fala com o Canal-Jornal da Bioenergia sobre as perspectivas para o ano de 2017.
Quais são as principais frentes de trabalho da Udop em 2017?
Neste ano daremos continuidade aos trabalhos desenvolvidos por nossa entidade e que estão em nosso DNA – a capacitação e qualificação profissional e a prestação de serviços para nossas associadas e para o setor da bioenergia como um todo.
Nestes quesitos, iremos lançar cursos técnicos na área agrícola em nossa grade de eventos da Universidade Corporativa da UDOP (UniUDOP), tendo como objetivo melhorar a formação técnica para os novos agrônomos que estão adentrando ao nosso segmento, vindos, na maioria das vezes, dos bancos universitários com amplo conhecimento teórico, mas pouca prática em cana-de-açúcar.
Ainda daremos continuidade aos trabalhos voltados para as pesquisas de custos e indicadores do setor da bioenergia, ampliando o portfólio de dados, tão essenciais para a tomada de decisões assertivas por parte de nossas associadas, além de continuarmos com os trabalhos voltados para a representatividade e comunicação mais eficazes de nossas associadas.
Qual o cenário de bioenergia no Brasil para 2017?
Acreditamos que as perspectivas para este ano estejam um pouco mais positivas que as do ano passado, levando-se em conta uma série de fatores, dentre eles, a postura proativa do Governo Temer, através do Ministério de Minas e Energia (MME), na pessoa do Ministro Fernando Bezerra Filho, que tem se aproximado do setor e criou o RenovaBio. Este programa deverá traçar as metas que visem o retorno dos investimentos em nosso setor, a fim de que possamos cumprir com os compromissos assumidos, pelo próprio Governo, junto à COP21, de produção de 50 bilhões de litros de etanol em 2030.
Qual a tendência de produção para 2017?
A safra 2017/18 deverá continuar sendo mais alcooleira, no seu mix geral, mas com um incremento na produção de açúcar, isso porque, a commodity mantém seu ciclo de déficit internacional, o que favorece bons preços no mercado externo. A bioeletricidade, por sua vez, ainda depende de uma maior demanda por energia e de políticas públicas mais estratégicas, o que está atrelado diretamente com a retomada da economia (saída da recessão) e de novos leilões a serem agendados pelo governo.
Quais os efeitos práticos da COP 21 para os próximos anos?
Os efeitos mais práticos começarão a ser percebidos com a consolidação dos recursos do RenovaBio, importante estratégia do Governo Federal, que envolve não apenas o Ministério de Minas e Energia, mas também os Ministérios da Agricultura; Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Relações Exteriores; Ciência e Tecnologia e outros.
Qual a importância da qualificação de quem trabalha neste setor? Há mão de obra suficiente?
Sem profissionais qualificados não conseguimos aplicar as tecnologias, sejam novas ou já consagradas, frutos de estudos e pesquisas (em campo, institutos ou universidades) que trarão a tão almejada redução de custos e consequente maior investimento em mais pesquisas e mais desenvolvimento. O ciclo, a meu ver, deve ser contínuo e constante, por isto a UDOP vem, há mais de 30 anos, trabalhando na capacitação e qualificação da mão de obra desse setor, já tendo qualificado mais de 100 mil profissionais em seus cursos que vão desde o operacional até às MBA’s.
Um ponto importante a se destacar é que a UDOP detectou uma certa semelhança com o momento que vivemos hoje e o dos idos dos anos de 1980, com o advento do PróAlcool, onde os profissionais, recém-formados, eram largamente contratados pelas usinas, mas sem qualquer experiência prática com cana-de-açúcar. Dessa deficiência nasceu a UDOP e toda a sua estrutura voltada para a qualificação desses profissionais, bem como na prestação de serviços para suas associadas.
Diante deste cenário, a UDOP continuará em 2017 oferecendo seus cursos de aperfeiçoamento tecnológicos, os cursos operacionais e também a pós-graduação, além de lançar, já nas próximas semanas, uma nova grade de cursos técnicos na área agrícola, que vai suprir, de forma sistemática, esta deficiência de profissionais que hoje existe no mercado.
Canal-Jornal da Bioenergia