Marconi Ferreira Perillo Júnior é o atual governador do Estado de Goiás. Filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), está em seu quarto mandato (1999 a 2002, 2003 a 2006, 2011 a 2014, e atual mandato de 2015 até 2018). Foi deputado estadual por Goiás em 1991 e senador da República em 2006.
Canal: O setor sucroenergético enfrentou uma crise grave nos últimos anos. Goiás é o segundo maior produtor nacional de cana e de etanol. O senhor acredita que haverá um volume grande de novos investimentos nesta área no futuro aqui em Goiás apesar da crise?
Marconi Perillo – Os números recentes da economia mostram que o Brasil já está saindo da crise econômica. A previsão para este ano de 2017 já é de crescimento, ainda que pequeno. Apesar de termos enfrentado a maior recessão de nossa história, aprendemos muito com a crise. Goiás não é uma ilha, por isso foi atingido por essa turbulência, mas aqui nós atravessamos esse período com muito mais tranquilidade que diversos outros Estados. Isso porque o Governo de Goiás fez a sua parte: cortamos gastos, reduzimos o tamanho da máquina e priorizamos os investimentos e a prestação dos serviços públicos. O agronegócio e agroindústria foram fundamentais para que mantivéssemos o nível de emprego e investimento. Goiás segue entre os Estados que mais geram empregos no País e isso se deve, em boa parte, à força da economia do nosso Estado, que se industrializou e se modernizou. O setor sucroalcooleiro foi e é fundamental nesse processo. Somos entusiastas e defensores da produção de etanol, por ser renovável e limpo, e temos certeza de que os investimentos voltarão a crescer à medida que formos superando a crise econômica.
Canal: O cenário futuro é positivo para esse segmento no Estado?
Marconi Perillo – Eu não tenho dúvida de que sim. O Governo de Goiás incentiva o setor sucroalcooleiro e os empreendedores do setor são grandes entusiastas do desenvolvimento econômico goiano. Essa parceria vai ampliar os investimentos e a expansão do setor no Estado nos próximos anos.
Canal: Goiás tem acompanhando o desenvolvimento nacional com relação à geração de energia a partir de fonte solar?
Marconi Perillo – Goiás tem hoje o mais arrojado e moderno programa estadual de energia solar do País, o Goiás Solar. Expandimos enormemente a produção de energia solar no Estado nos últimos anos por meio do estímulo à aquisição de placas fotovoltaicas. Temos excelentes iniciativas no setor privado, para consumo residencial, industrial e comercial. De sua parte, o Governo de Goiás está fazendo importantes investimentos diretos, por exemplo, na construção de residenciais abastecidos com energia solar, do consumo residencial à iluminação pública. O primeiro empreendimento com essa modelagem foi feito pelo Governo de Goiás, em Pirenópolis.
Canal: Como essa geração solar tem contribuído com a matriz energética estadual?
Marconi Perillo – Com o Goiás Solar nós estamos nos preparando para o futuro. Estamos nos antecipando à necessidade de diversificação das matrizes energéticas. Estamos vendo, todos os anos, o gradativo agravamento da crise hídrica, como resultado, sobretudo, de estiagens prolongadas. Isso afeta a produção de água para o consumo humano e também para a geração de energia. No caso da produção de água, nos antecipamos à crise de abastecimento construindo o Sistema Mauro Borges, com a formação do reservatório do Ribeirão João Leite. No caso da produção de energia, a matriz fotovoltaica é sem dúvida uma alternativa para o presente e para o futuro, com a vantagem de que o excedente da produção do consumo industrial e residencial, por exemplo, podem ser revertidos para o sistema de distribuição.
Canal: O Programa Casa Solar deve ser ampliado nos próximos meses?
Marconi Perillo – Começamos em Goiás o primeiro projeto de energia solar do Brasil, em Pirenópolis, no Conjunto Luciano Peixoto. Agora nós já estamos entendendo a outros conjuntos. Inclusive, o governo está doando o Cheque Moradia Reforma, no valor de R$ 3 mil, para quem quer implantar esse projeto. É um projeto revolucionário, que vai baratear muito o custo da energia. A família vai gerar energia na sua própria casa, até porque Goiás é um estado que tem uma insolação muito boa e acho que essa é uma revolução que a gente começa a fazer daqui para frente. Nós vamos ter muitas unidades geradoras de energia, diminuindo a dependência de energia hidráulica ou termoelétrica e ainda barateando os custos para as famílias, para que elas possam usar esse dinheiro que é pago com energia cara hoje para outras despesas.
Canal: Há projetos voltados para a instalação de placas solares em prédios públicos estaduais?
Marconi Perillo – O Governo de Goiás também está tomando as providências para utilização da energia fotovoltaica, a começar pelos principais prédios da administração estadual.
Canal: Além da energia solar, Goiás tem planos de fomento para outras fontes renováveis?
Marconi Perillo – A Secima (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Cidades) faz um extenso trabalho de pesquisa e interlocução com o setor privado e outros governos nesse sentido. Nossa proposta é não apenas diversificar as fontes de energias renováveis, como é o caso do etanol, mas também utilizar mais e melhor essas matrizes, sobretudo estimulando a apropriação dessas energias pelos consumidores residenciais e do setor produtivo.
Ana Flávia Marinho-Canal-Jornal da Bioenergia