Donizete Tokarski atua na Ubrabio desde a fundação em 2007. É graduado em engenharia com especialização em Atividade de Gestão Ambiental pela FAO/ONU, em Madrid (Espanha). É também produtor rural e consultor em meio ambiente e recursos hídricos. Foi chefe de gabinete da Secretaria de Políticas Regionais da Presidência da República, chefe de gabinete do Ministério da Justiça e do Ministério da Agricultura e assessor técnico do Senado Federal e presidente do Grupo Executivo Interministerial de Movimentação de Safras (Gremos). Nesta entrevista comenta os cenários para a produção de biodiesel este ano.
Quais são as principais frentes de trabalho da Ubrabio em 2017?
O principal pleito é a antecipação do B9, para julho de 2017. Com a queda nas vendas de diesel em consequência da retração econômica, o volume de biodiesel comercializado no último leilão de biodiesel para atender o B7 foi semelhante ao volume de 2014, quando a mistura obrigatória ainda era o B5. Para que o setor possa diminuir a ociosidade, é preciso um avanço significativo no consumo do biodiesel. Também neste sentido, a Ubrabio continuará trabalhando para promover os usos voluntários de B20 por ônibus e caminhões de frotas cativas, e B30 por máquinas e equipamentos de uso industrial e agrícola, dentre outros mercados potenciais. Além disso, o setor entregou ao governo federal um documento listando as ações viabilizadoras a serem adotadas para fortalecer a cadeia produtiva. Dentre elas, destacamos a adequação da política tributária nacional, linhas de crédito para capital de giro e a revisão do Selo Combustível Social.
Quais as expectativas com o Renovabio?
O programa demonstra uma atitude extremamente positiva do governo em relação aos biocombustíveis. Foi o próprio Ministério de Minas e Energia que chamou o setor para que pudéssemos apresentar as demandas e perspectivas e colaborar com a construção de um cenário para 2030. O Renova Bio pretende consolidar exatamente o que a cadeia produtiva vem pleiteando há anos: previsibilidade.
Qual o cenário do biodiesel no Brasil para 2017?
Em 2016 a produção ficou em torno de 3,8 bilhões de litros para atender o mercado do B7. Para 2017, a projeção é de 4,3 bilhões de litros, considerando a entrada em vigor do B8 em março. Esse volume pode ser maior, caso haja a antecipação do B9 e uma retomada da atividade econômica e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), fatores que influenciam no consumo de diesel. Em um cenário de crescimento econômico, cada ponto percentual a mais de biodiesel equivale a aproximadamente 600 milhões de litros a mais comercializados ao ano. Entretanto, para que haja uma diminuição da ociosidade da indústria e operação de novas unidades produtoras é necessário que haja uma curva positiva de consumo de diesel e biodiesel. O setor produtivo sempre respondeu prontamente às demandas do governo. O que nós necessitamos agora é de uma sinalização positiva para que novos investimentos possam ser feitos, a fim de atender novas demandas.
Quais os efeitos práticos da COP 21 para os próximos anos?
A COP 21 culminou em um documento que traça metas para descarbonização da economia, o Acordo de Paris, ratificado pelo governo brasileiro no ano passado. Isso quer dizer que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) serão lei. Ou seja, o Brasil assumiu compromissos importantes, como aumentar a participação da bioenergia na Matriz Energética, com a ampliação do uso de biodiesel e outros combustíveis renováveis, por exemplo. Na prática, isso deve gerar investimentos nesses setores que têm um enorme potencial para contibuir com as metas estabelecidas para reduzir emissões de gases de efeito estufa e conter o aumento da temperatura do planeta. Como ação efetiva nesse sentido, vale destacar o RenovaBio, cuja proposta é justamente traçar um cenário favorável para a expansão da produção e uso dos biocombustíveis no Brasil até 2030.
Canal-Jornal da Bioenergia