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Especialistas discutem produção de bioenergia a partir de resíduos agrícolas

O Brasil apresenta enorme potencial para aumentar a geração de energia elétrica limpa e renovável com maior aproveitamento de resíduos agrícolas e urbanos. O bagaço e a palha da cana são dois destes resíduos encontrados em vastas quantidades no setor sucroenergético nacional. Ou até mesmo a vinhaça, uma resultante do processo de fabricação do etanol, e que atualmente é reaplicada como fertilizante nos canaviais.

Para discutir a situação atual e perspectivas deste novo nicho de mercado, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), juntamente com empresas e centros de pesquisas especializados na eliminação e tratamento de subprodutos, participou do 2° Workshop Resíduos Urbanos e Agrícolas: Energia, Reciclagem de Nutrientes e Produção de Fertilizante, realizado na semana passada (31/08 e 02/09), em Campinas (SP).

O evento foi organizado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que juntos integram o Agropolo, uma plataforma interinstitucional que tem por objetivo desenvolver projetos de cooperação técnica nas áreas de agricultura, alimentação, biodiversidade, bioenergia, química verde e desenvolvimento sustentável.

De acordo com o consultor Ambiental e de Recursos Hídricos da UNICA, André Elia Neto, a bioeconomia de resíduos com o emprego de novas tecnologias que vêm surgindo para a vinhaça levará este subproduto para um novo patamar de sustentabilidade. O executivo debateu o tema ao lado da representante da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios de Piracicaba (Apta), Raffaella Rosseto, e do executivo da Usina Ester, Walter Lima.

“Não só estamos reutilizando mais eficientemente um fertilizante orgânico que substitui a adubação mineral, como temos um potencial na produção de bioeletricidade a partir do biogás da vinhaça, ou mesmo o biometano, aumentando mais ainda a contribuição do setor canavieiro para a redução das emissões de gases de efeito estufa”, avalia o André Elia. Em média, calcula-se que para cada litro de etanol fabricado são gerados até 12 litros de vinhaça. Segundo dados apresentados no Workshop, o potencial atual de produção de bioeletricidade a partir da vinhaça é da ordem de 6.000 GWh por safra, o que daria para atender quase 3 milhões de residências durante um ano inteiro.

Entre os principais entraves ao pleno desenvolvimento da bioeconomia em relação à vinhaça e aos demais resíduos da cana, destacam-se: os altos custos de implantação de novas tecnologias, falta de políticas públicas de incentivos e ausência de valorização de produtos como a bioeletricidade e biometano para a diversificação da matriz energética brasileira.

Agropolo

Integrando uma rede internacional de pesquisas científicas criada em 1986, em Montpellier, França, para promover o desenvolvimento de uma economia mundial de baixo carbono, o Agropolo Campinas-Brasil tem como participantes a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do IAC, do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), e do Instituto Biológico (IB). Também tem o apoio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Prefeitura de Campinas, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Techno Park Campinas.

Um dos projetos do Agropolo no Brasil é o desenvolvimento do Projeto de Políticas Públicas em Bioeconomia (PPPBio), com três metas estratégicas em busca de oportunidades para uma melhor utilização do potencial energético e de reciclagem de nutrientes de resíduos industriais e agrícolas. Estes objetivos visam criar novos produtos com alto valor agregado, aumentar a geração de empregos formais e contribuir para reduzir a emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global.

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