A estimativa do PIB-renda do agronegócio brasileiro para 2018 teve alta de 0,38% em julho, mas segue com desempenho negativo de 0,85% no acumulado do ano, segundo estudos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Os pesquisadores do Cepea destacam que o cenário ainda adverso na renda acumulada no agronegócio em 2018 está ligado à redução dos preços dos produtos agropecuários. Enquanto os preços dos produtos agrícolas registraram quedas significativas já no final de 2017 – com certa recuperação em 2018 –, os dos pecuários caíram ao longo deste ano como consequência do fechamento abrupto de importantes mercados externos destinos das carnes – bovina, suína e de aves – brasileiras. Soma-se a isso a lenta recuperação da atividade econômica brasileira como fator limitante do aquecimento da demanda.
Desde junho, a elevação nos preços – particularmente de produtos agrícolas – tem se mostrado mais consistente, o que, por sua vez, tem refletido em resultados mensais positivos, tanto da renda gerada no agronegócio como um todo quanto no segmento primário (dentro da porteira). Contudo, pesquisadores do Cepea indicam que ainda não se verifica reversão do desempenho negativo no acumulado do ano para a renda do setor.
Contexto macroeconômico
O PIB brasileiro deve se consolidar com crescimento em 2018, mas com resultado aquém do que era esperado pelo mercado no início deste ano. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB brasileiro cresceu 1,1% no primeiro semestre de 2018 com relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com o último relatório Focus do Banco Central (de 1º de novembro deste ano), a estimativa de crescimento para o PIB, conforme média da análise de agentes do mercado, está em 1,36% para 2018, bastante abaixo dos 3,14% esperados no primeiro relatório, divulgado no início de janeiro.
Segundo pesquisadores do Cepea, esse baixo crescimento econômico segue acompanhado pela manutenção do elevado déficit público, pela alta taxa de desemprego e pela queda do poder de compra da população brasileira, além das instabilidades e incertezas do mercado associadas às especulações do período eleitoral. Este cenário é preocupante para todos os setores produtivos brasileiros, com destaque ao agronegócio, que também tem sofrido com elevações de custo. Datagro