A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), por meio do Conselho Temático da Agroindústria (CTA), divulgou segunda-feira (25/09) os resultados do estudo Estratégias para o Desenvolvimento da Agroindústria em Goiás. O levantamento, em parceria do Sebrae e com execução da Universidade Federal de Goiás (UFG), identificou os principais desafios para o fortalecimento dos sistemas produtivos agroindustriais no Estado, incluindo os pequenos negócios, dos segmentos produtivos de soja e milho; suínos; aves; bovinos e couro bovino; lácteos; sucroenergético; algodão e silvicultura.
“Trata-se de um trabalho de fôlego que reflete o compromisso incansável de nossa gestão em impulsionar o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável do setor, trazendo diagnóstico aprofundado da atual situação da agroindústria goiana com olhar estratégico voltado para o futuro”, afirmou o presidente da Fieg, Sandro Mabel, na abertura do evento.
O levantamento foi dividido em matriz de fluxos comerciais, identificando oportunidades de investimentos; análise do grau de industrialização e de internacionalização de cada um dos setores; mapeamento dos sistemas produtivos; análises dos ganhos de competitividade, considerando a estrutura logística em Goiás; análise das estatísticas de crédito e políticas das instituições de fomento; e organização de sugestões de políticas públicas para atração de investimentos e melhoria do ambiente de negócios.
O presidente do CTA, Marduk Duarte, destacou a parceria com o Sebrae e com a UFG na concretização do estudo. “Desbravamos uma ponte entre a academia e o setor produtivo. O resultado é um produto palatável que vai ajudar a promover políticas públicas para desenvolver o Estado.”
Números gerais do levantamento mostram que Goiás movimenta mais de R$ 850 bilhões em importações, exportações e consumo interno nas oito cadeias produtivas que integram o estudo, considerando a jornada do campo à mesa dos goianos. A indústria de alimentos é a que mais se destaca, representando 16,6% do fluxo total de negócios. O estudo completo está disponível para consulta no Observatório Fieg Iris Rezende (observatoriofieg.com.br).
De acordo com o pesquisador coordenador do estudo, o professor da UFG Waldemiro Alcantara da Silva Neto, o principal objetivo foi apontar caminhos para empresas interessadas em investir em Goiás. “Identificamos as oportunidades que o Estado possui. Hoje, Goiás importa mais de R$ 110 bilhões em produtos de outras unidades da federação. Temos insumos, matéria-prima e parque industrial para absorver essa produção, gerando mais empregos e arrecadação para nosso Estado. Somente com isso, temos 13% de potencial real de crescimento”, sustentou.
DESAFIOS AO CRESCIMENTO
O professor Waldemiro Alcantara da Silva Neto destacou a importância da adoção de políticas públicas de curto, médio e longo prazos que subsidiem esse salto da agroindústria em Goiás. Dentre os principais gargalos apontados no estudo, estão a questão da qualificação de mão de obra, interiorização do desenvolvimento e investimento em infraestrutura logística, além de incentivos que proporcionem competitividade à indústria local e o acesso ao crédito. “As proposições não podem ser trabalhadas isoladas, mas sim de forma transversal, beneficiando toda a cadeia”, afirmou.
O vice-presidente da Fieg André Rocha, que representa o setor sucroenergético e acompanhou a divulgação dos dados do levantamento, reforçou que o desafio é tornar a produção competitiva. “Estamos perdendo empresas grandes por falta de incentivos competitivos na comparação com outros Estados. Hoje, vemos indústrias saírem de Goiás devido a questões fiscais. Ainda tem o desafio de baratear o modal logístico.”
O presidente da Câmara Setorial de Alimentos e Bebidas (Casa) da Fieg, Marcelo Martins, representante do setor lácteo, apontou os gargalos do setor, que perdeu competitividade nos últimos anos em Goiás. “Temos desafios para recuperar o protagonismo de Goiás na produção de leite. Atualmente, nossa produtividade está abaixo da nacional, o que tem contribuído com a saída de produtores e indústrias do Estado”, avaliou, listando assistência técnica e gerencial, acesso às linhas de crédito e custeio, padronização das legislações federal e estadual, competitividade fiscal e qualidade no fornecimento de energia como desafios à retomada do crescimento do setor.
No total, o estudo Estratégias para o Desenvolvimento da Agroindústria em Goiás produziu 40 relatórios, abordando Mapeamento, Logística, Crédito, Fluxos Comerciais e Grau de Industrialização e Internacionalização de cada uma das oito cadeias investigadas, inclusive com entrevistas em profundidade com empresários do setor e representantes de classe. O levantamento apontou políticas e ações gerais e específicas para fomento à agroindústria em Goiás.
Para o secretário de Estado de Indústria e Comércio, Joel Sant’Anna, trata-se de um grande projeto que precisa ser desenvolvido por meio da união de esforços entre os setores público e produtivo. “É missão da SIC promover esse papel de transformação em Goiás, gerando empregos e interiorizando o desenvolvimento. Precisamos estar preparados para trazer esses investimentos para o Estado. O agronegócio é o carro-chefe da economia goiana. Precisamos implementar essas estratégias para subsidiar esse crescimento.”
O lançamento do estudo foi acompanhado pelo secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Pedro Leonardo; pelo diretor-superintendente do Sebrae Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima Neto; pelo presidente da Fecomércio, Marcelo Baiocchi; e pelos presidentes de sindicatos das indústrias Jair Borges (Sindileite), Jerry Alexandre (Siago) e Leandro Stival (Sindicarne). Fieg