Esalq/USP

Estudo propõe baixo consumo de água no plantio de mudas pré-brotadas

Garantir a eficácia de mudas pré-brotadas (MPB) durante o plantio de inverno em canaviais ou viveiros localizados na mesorregião de Piracicaba, sempre utilizando o menor consumo de água possível por meio de um manejo de irrigação de alas móveis, um dos cinco sistemas existentes na cultura canavieira nacional.

Este é o tema central do trabalho desenvolvido pelo engenheiro agrônomo Pedro Elia e apresentado no último mês de fevereiro para especialistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).

Intitulado “Estabelecimento e desenvolvimento de mudas pré-brotadas de cana-de-açúcar sob diferentes lâminas de irrigação”, o estudo de Elia, orientado pelo consultor internacional no tema, Jarbas Honório de Miranda, foi avaliado por uma banca examinadora composta pelo engenheiro agrícola e especialista em projetos na área, Clebio Santo Matioli, e o professor Titular do Departamento de Engenharia de Biossistemas Área de Hidráulica da Esalq, Marcos Vinícius Folegatti.

“Acredito que os resultados obtidos contribuirão para projetos e estudos de viabilidade da tecnologia de implantação de MPB”, explica o autor da tese.

Mudas Pré-Brotadas (MPB)
Após sete meses de testes realizados na usina Costa Pinto – associada à União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) – usando diferentes lâminas de irrigação a partir de uma variedade de cana patenteada pelo Centro de Tecnologia Canavieira, a CTC20, Pedro Elia chegou à conclusão de que o manejo com apenas 3 lâminas d’água de 10 milímetros (mm) foi o suficiente para garantir um índice de 98% de aderência das mudas ao terreno na região piracicabana.

No total, a fase de experimentos usou 3 lâminas de irrigação de 10 mm, 20 mm, 30 mm e 40 mm, sempre observando a técnica que proporcionou maior vigor vegetativo e menor índice de mortalidade das mudas, com o menor consumo de água.

Segundo Elia, os resultados obtidos comprovaram que o sistema de plantio de inverno com MPB necessita diretamente da tecnologia de irrigação para garantir o pegamento das mudas, uma vez que sem a aguagem, 40% das plantas morreram.

Métodos
No Brasil, segundo explica Elia, existem cinco métodos de irrigação na lavoura canavieira. Basicamente, elas ocorrem em dois momentos: plantio e rebrota da soqueira (após o corte), ou quando a cana já está adulta.

Veja, abaixo, as explicações técnicas dadas pelo engenheiro agrônomo para cada uma das modalidades irrigatórias:

– Aspersão (alas móveis): Médio custo de implantação, sistema móvel e adaptável para diversos tipos de topografia, média tecnificação para operar, pode ser utilizado para parcelamento do adubo fertirrigado, alto uso de mão de obra, boa uniformidade de aplicação.

– Irrigação por gotejamento (técnica israelense): Alto custo de implantação, sistema fixo, altamente tecnificado, pode ser utilizado para parcelamento do adubo fertirrigado, baixo uso de mão de obra, boa uniformidade de aplicação.

– Pivô: Alto custo de implantação, sistema fixo, altamente tecnificado, pode ser utilizado para parcelamento do adubo fertirrigado, baixo uso de mão de obra, boa uniformidade de aplicação.

– Carretel: Médio custo de implantação, sistema móvel, média tecnificação para operar, não pode ser utilizado para parcelamento do adubo fertirrigado, médio uso de mão de obra, baixa uniformidade de aplicação, sistema muito utilizado para aplicação vinhaça na lavoura.

– Superfície: Baixo custo de implantação, baixa tecnificação para operar, não pode ser utilizado para parcelamento do adubo fertirrigado, necessita de topografia favorável e alta disponibilidade de água, boa uniformidade de aplicação. Unica

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