No mundo, atualmente, o hidrogênio é produzido por meio de gás natural, gerando pegadas de CO2. Isso não coloca essa energia no contexto renovável necessário para reduzir os gases de efeito estufa. Por isso, é fundamental a descoberta de formas de produzir hidrogênio verde. Afinal, a produção de hidrogênio verde pode ajudar a descarbonizar setores difíceis de eletrificar, como a indústria pesada e o transporte de longa distância, substituindo combustíveis fósseis. Vale ainda ressaltar o aspecto da independência energética, já que a produção local de hidrogênio verde pode reduzir a dependência de importações de combustíveis fósseis, aumentando a segurança energética.
Nessa rota de sustentabilidade ambiental, o hidrogênio verde é produzido por meio da eletrólise da água, utilizando energia renovável, como solar ou eólica. Esse processo não emite dióxido de carbono (CO2), contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Etanol é um caminho promissor
Uma grande inovação vem avançando significativamente na produção de hidrogênio renovável a partir do etanol. Recentemente, a Hyundai iniciou testes com o uso de hidrogênio renovável no seu SUV Nexo, em um projeto pioneiro na Universidade de São Paulo (USP). É a primeira estação de abastecimento desse tipo de combustível no mundo. A Shell e outras empresas, também em parceria com a USP, desenvolveram a primeira estação de produção de hidrogênio a partir do etanol, inaugurada recentemente. Esse projeto teve um investimento de R$ 50 milhões e visa avaliar a taxa de conversão de etanol em hidrogênio e o consumo do combustível em veículos.
Desafios
A viabilidade comercial da produção de hidrogênio verde é um grande desafio porque envolve vários fatores, incluindo avanços tecnológicos, investimentos em infraestrutura e políticas de apoio. Os custos são elevados, ainda não existe eficiência adequada e há necessidade de infraestrutura especializada.
No entanto, projetos de grande escala estão sendo desenvolvidos, como o maior projeto de produção de hidrogênio verde do Brasil, que será instalado na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Pecém, no Ceará. Esse projeto prevê um investimento significativo e tem previsão de início das operações em agosto de 2028. A partir de mais investimentos de elevado valor e da melhoria das tecnologias de produção, espera-se que a produção de hidrogênio verde se torne comercialmente viável na próxima década. No entanto, para que isso ocorra é também estratégico que haja uma estreita colaboração entre governos, empresas e instituições de pesquisa. A adequação das linhas de transmissão de energia e os subsídios previstos no Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixo Carbono (PHBC) é uma das principais pautas da Associação Brasileira do Hidrogênio Verde (Abihv). Em recente entrevista à Agência Eixos, Fernanda Delgado, presidente da Associação, afirmou que o acesso à rede é essencial para viabilizar os projetos do setor e evitar gargalos que possam comprometer a transição energética do Brasil. “Sem conexão, não tem transição e hidrogênio verde. O estrangulamento das conexões é um ponto crítico, e estamos acompanhando de perto os estudos e planejamentos junto à EPE, ONS, Aneel e Ministério de Minas e Energia.”
Como é obtido o Hidrogênio Verde a partir do etanol?
A produção de hidrogênio verde a partir do etanol é um processo inovador. Como funciona? O processo começa com a reforma a vapor do etanol, onde o etanol reage com a água sob altas temperaturas. Essa reação química gera vapor e libera hidrogênio. Durante a reação, o etanol é decomposto em hidrogênio e dióxido de carbono (CO2). O CO2 liberado é biogênico, o que significa que pode ser compensado no ciclo de cultivo da cana-de-açúcar. O hidrogênio produzido é então purificado para remover quaisquer impurezas, garantindo que ele seja adequado para uso em veículos e outras aplicações. O hidrogênio verde produzido pode ser utilizado em veículos de célula de combustível, e em ônibus de transporte público, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa
Canal-Jornal da Bioenergia