O Canal – Jornal da Bioenergia conversou com o CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia. A entidade congrega empresas e profissionais de toda a cadeia produtiva do setor solar fotovoltaico com atuação no País, tanto nas áreas de geração distribuída quanto de geração centralizada.
Canal- Jornal da Bioenergia: Quais as expectativas da ABSOLAR para este ano?
Rodrigo Sauaia: Esperamos que 2022 seja o melhor ano da energia solar na história do Brasil desde 2012, com o maior crescimento do mercado e do setor na última década.
A solar é a fonte renovável mais competitiva do País e uma verdadeira alavanca para o desenvolvimento econômico, social e ambiental, com geração de emprego e renda, atração de investimentos, diversificação da matriz elétrica e benefícios sistêmicos para todos os consumidores brasileiros.
O Brasil tem tudo a ganhar com a fonte e está avançando para se tornar uma grande liderança mundial neste setor, cada vez mais estratégico no mundo. Por isso, a expectativa é adicionar – considerando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica – mais de 11,9 gigawatts (GW) de potência instalada, que representa um crescimento de mais de 91,7% sobre a capacidade instalada atual do País, que atualmente é de 13,0 GW.
Canal: Qual a previsão de movimentação econômica?
Rodrigo: Os novos investimentos privados no setor poderão ultrapassar a cifra de R$ 50,8 bilhões, somando os segmentos de geração distribuída (sistemas em telhados, fachadas de edifícios, terrenos, propriedades rurais e prédios públicos) e geração centralizada (grandes usinas solares). É importante ressaltar que dos investimentos previstos, a geração distribuída corresponderá a aproximadamente em R$ 40,6 bilhões.
A ABSOLAR também projeta um aumento líquido na arrecadação dos governos federal, estaduais e municipais de mais de R$ 15,8 bilhões este ano devido ao uso da tecnologia, contribuindo para o fortalecimento dos orçamentos públicos e a prestação de melhores serviços para a sociedade brasileira. O valor já contabiliza a economia dos consumidores em suas contas de eletricidade, mostrando que o benefício econômico do setor é favorável também para o poder público.
Canal: E a geração de emprego?
Rodrigo: As projeções apontam que, somente em 2022, a fonte solar fotovoltaica deverá gerar mais de 357 mil novos empregos, espalhados por todas as regiões do País. Assim, totalizando mais de 747 mil empregos no Brasil desde 2012, distribuídos entre todos os elos produtivos do setor.
A maior parcela destes postos de trabalho deverá vir do segmento de geração própria de energia solar, que serão responsáveis por mais de 251 mil empregos neste ano.
Canal: O que a nova lei sancionada pelo Governo Federal representa?
Rodrigo: A geração própria de energia cresce a passos largos e deverá praticamente dobrar a potência operacional anualmente instalada, uma vez que a recente sancionada Lei nº 14.300/2022 irá impulsionar a demanda do mercado. Além disso, o aumento nas tarifas de energia elétrica segue com tendências de elevação, pesando no bolso do consumidor que procurará uma solução para diminuir as despesas.
Canal: A energia solar fotovoltaica é dividida em duas modalidades: distribuída e centralizada. Quais as expectativas para a primeira?
Rodrigo: Para a geração própria de energia solar fotovoltaica, a ABSOLAR projeta um crescimento de 105,0% frente ao total já instalado até 2021, passando de 8,3 GW para 17,2 GW
Canal: E para a centralizada, isso é, das grandes usinas?
Rodrigo: Já no segmento de usinas solares de grande porte, o crescimento previsto será de 67,8%, saindo dos atuais 4,6 GW para 7,8 GW.