Sofrendo com a falta de água desde o início da estiagem, alguns municípios goianos colocaram a técnica de irrigação no centro das discussões da mídia. Diante do cenário, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) vem se reunindo com produtores para debater o uso da água na agricultura, oferecendo esclarecimentos sobre a utilização racional da água no setor, bem como o gerenciamento de seu uso em épocas de escassez do recurso, considerando as experiências internacionais de países que tem enfrentado esse problema, com resultados satisfatórios.
A consultora técnica para a área de Irrigação e Meio Ambiente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), Jordana Sara, é enfática ao afirmar que é altamente possível fazer o uso da água de maneira sustentável. “Quando se questiona o uso da água na irrigação muita gente esquece que ele passa por uma gestão, que vem justamente para coordenar todos os múltiplos usos desse recurso, seja por parte dos centros urbanos, da indústria, da agropecuária, da geração de energia elétrica do lazer e do próprio saneamento”.
No estado, vários municípios estão sofrendo com a falta de água. Em alguns deles, inclusive, foi decretado situação de calamidade pública, o que tem tornado a situação ainda mais delicada. Diante do cenário, Jordana explica que a Federação também tem se reunido com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Cidades, Infraestrutura e Assuntos Metropolitanos (Secima) para que esses casos sejam estudados e trazidos para o âmbito dos Comitês de Bacias Hidrográficas Estaduais que, segundo legislação específica, são a primeira instância para discussão de conflitos deste tipo.
Anápolis
A cidade de Anápolis ganhou espaço especial nos noticiários durante os três últimos dias. Juntamente com o fato, a afirmação de que o setor produtivo é o grande responsável pelo cenário, assustou quem vive da terra. A Faeg, alerta para o fato de que, mesmo se comprometendo oficialmente em 2006, a Saneago não aplicou melhorias estruturais na captação de água para a região do Ribeirão Pianco e nem buscou outro ponto de captação de água visto a insuficiência de vazão frente à demanda crescente da cidade de Anápolis.
A Federação entende que a ineficiência da empresa colocou a cidade em estado de calamidade e que essa responsabilidade não pode ser transferida para os produtores. Vale lembrar que a falta de água é um problema constante desde 1996 quando a cidade ainda não apresentava seus 270 mil habitantes. Faeg