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Falta de renovação dos canaviais e a produtividade

A taxa de renovação dos canaviais está se aproximando da ideal. De acordo com o mais recente levantamento do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), os dados até o momento, o valor de renovação chegou a 16,2%. O aconselhado para cinco cortes é de 16,7%. “Isso mostra que os produtores estão voltando a renovar seus canaviais”, explica Rubens Leite do Canto Braga Júnior, consultor do Programa Cana IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Mas até a safra anterior, o estudo do IAC mostrava que a renovação dos canaviais era bem abaixo do esperado. O baixo aprimoramento está principalmente relacionada com a crise pela qual o setor passou nos últimos anos, com várias empresas entrando em recuperação judicial, além dos reduzidos preços das commodities e alto custo para novos plantios, e sem a possibilidade de implementar um investimento dispendioso que é a renovação dos canaviais. O estudo do IAC mostrou que na região Centro-Sul do Brasil a taxa estava inferior do ideal, chegando a 13,9%, 10,5%, 13,7% e 15,3%, respectivamente, nas últimas quatro safras.

Mais pontos de vistas

O preconizado pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) é uma renovação de 18% dos canaviais, mas segundo o Diretor Técnico da entidade, Antonio de Padua Rodrigues, é de apenas 13%.  Segundo Padua, o setor canavieiro na região Centro- Sul do país é muito heterogêneo em relação à situação financeira, que está diretamente ligado à taxa de renovação e, consequentemente, a produtividade.

“Na Região Centro-Sul, cerca de 1/3 das empresas, no ponto de vista financeiro, está em uma situação melhor, com maior liquidez e fazem toda e qualquer renovação do canavial dentro da normalidade. Estas apresentam uma produtividade acima de 90 toneladas de cana por hectare. Mas por outro lado, tem um grupo de está em uma situação financeira difícil e, por isso, praticamente não renovam o canavial. São canaviais quase que de subsistência, que não recebem o cultivo da soqueira. E, evidentemente, essas empresas apresentam uma produtividade abaixo de 70 toneladas por hectare”, explica.

Com isso, o resultado da média da produtividade da região é de 75 toneladas por hectare, mas em um passado recente, já se alcançou 85 toneladas por hectare. Segundo a Unica, se a produtividade se mantivesse uma média 85 toneladas por hectare, o potencial da região Centro-Sul, que possui oito milhões de hectare de área colhida, teria uma safra com mais 80 milhões.

“Então, de um lado se têm as empresas com um canavial equilibrado, com cinco cortes e uma produtividade de 85 toneladas por hectare e uma vida de 3,2 anos. Mas também se tem aqueles que têm uma vida de quatro a cinco anos e uma produtividade inferior”, explica.  A média hoje do canavial do Centro- Sul é de 3,8 anos.

De acordo com o IAC, historicamente o número de cortes varia entre 5,5 e 6 na região Centro-Sul e na safra atual, o valor obtido até o momento é de 6,5 cortes. “Esse número deve ser dado pela análise da relação entre a produtividade alcançada a cada corte e a produtividade esperada após a renovação. Altas produtividades em estágios de corte avançados adiam a renovação dos canaviais. É necessário fazer uma análise econômica para verificar o estágio de corte ideal para a renovação de cada talhão”, afirma Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Atualmente, 1,1 milhão de hectare de plantação de cana-de-açúcar são renovados por ano, o que representa um investindo cerca de R$ 880 milhões. Mas o ideal, segundo Padua é que a renovação anual atingisse 1,5 milhão de hectare e um gasto de R$1,2 milhão anuais.

A renovação dos canaviais é fundamental para impedir o envelhecimento das plantas e, consequentemente, a diminuição dos índices de produtividade em campo. Boas práticas de manejo também são fundamentais para a boa produção. “O grande problema da baixa produtividade ainda é o canavial envelhecido e a falta de cultivo da soqueira. Agora, sem dinheiro não se faz milagre. Sem uma boa renovação, sem uma boa adubação e sem práticas operacionais adequadas à colheita”, pontua o Diretor Técnico da Unica.

Manejo adequado

Para se ter uma alta e lucrativa colheita é a escolha da variedade plantada é fundamental. Ela deve ser selecionada adequadamente ao ambiente da plantação. Deve-se escolher uma  variedade para o início, meio e fim de safra. Além disso, não é indicado ter mais de 15% da área plantada com uma mesma variedade.

Padua ainda ressalta que a vida útil de uma variedade é de 15 anos. “Mesmo assim, ainda conta com muitas que foram geradas na década de 80 e 90”, pontua. Após esse período, o setor passou por grandes mudanças, a principal delas foi à mecanização.

Caminhos

Para a especialista de Desenvolvimento de Produtos e Mercado Cana-de-açúcar da Ourofino Agrociência, Bárbara Marcasso Copetti, para aumentar a produtividade do canavial é fundamental a adoção de boas práticas agrícolas na condução da plantação ao longo dos anos. “A realização do controle eficiente de plantas daninhas, pragas e nematóides, bem como adubação correta e investimentos em novas tecnologias são essenciais para manter a produtividade em patamares altos, mesmo com canaviais mais velhos”, afirma.

Ana Paula Bonilha, também especialista de Desenvolvimento de Produtos e Mercados Cana-de-açúcar da Ourofino Agrociência, complementa que a adubação visa completar a necessidade de nutrientes que um determinado solo requer. “O uso de adubos e fertilizantes são ferramentas importantes para contribuir com a produtividade da cultura. É essencial realizar a análise de solo para conhecer os nutrientes e as quantidades presentes, para, assim, verificar se há necessidade ou não de se realizar algum complemento na fertilidade do solo e, na sequência, optar pelas melhores formulações para suprir ou complementar tal falta de nutriente”, complementa..

Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia

 

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