Geada prejudica e moagem de cana registra queda em julho

Em relação ao número de usinas em operação, 255 empresas registraram produção até dia 01 de agosto, contra 264 unidades industriais em igual data do último ano. Para a próxima quinzena está previsto o início de safra de apenas uma unidade.

Produtividade agrícola e qualidade da matéria-prima
Dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) para o mês de julho, considerando uma amostra comum de 68 unidades, registraram produtividade de 73,7 toneladas por hectare colhido no mês ante 89,8 toneladas observadas no mesmo período na safra 2020/2021 – queda de 17,9% no rendimento agrícola.

No acumulado do ciclo 2021/2022 a retração do indicador é de 12,5%, com uma variação de 86,5 t/ha para 75,7 t/ha na safra atual. Como resultado, a área de colheita até o final de julho atingiu 4,02 milhões de hectares, registrando incremento de 5,4% em relação a área colhida até julho de 2020.

A respeito da qualidade da matéria-prima na 2ª quinzena de julho, mensurada a partir da concentração de açúcares totais recuperáveis na cana-de-açúcar, o indicador registrou o valor de 146,86 kg de ATR por tonelada, retração de 0,9% em relação aos 148,15 observados no ciclo passado.

No acumulado desde o início da safra até 01 de agosto, o indicador de concentração de açúcares assinala 136,73 kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, com aumento de 1,07% em relação ao valor da safra 2020/2021.

Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da UNICA, comenta que “tanto a produtividade da lavoura, quanto a qualidade da matéria-prima cultivada, sofreram com as geadas observadas nas últimas semanas na região Centro-Sul”. A necessidade de colher as áreas atingidas pela geada exigiu alterações significativas no cronograma de colheita em várias unidades produtoras, com impacto estimado na produtividade de julho de superior a 5 toneladas por hectares e piora da qualidade da cana-de-açúcar processada no mês, acrescentou o executivo.

“Nas próximas quinzenas teremos evidências mais claras sobre o impacto da geada na lavoura a ser colhida”, acrescenta Rodrigues.

Produção de açúcar e de etanol
Na segunda metade do julho, 46,43% da cana-de-açúcar foi destinada à produção de açúcar, ante 47,93% registrados na mesma data de 2020. A produção do adoçante retraiu 11,81% na última quinzena e atingiu 3,03 milhões de toneladas fabricadas, ante 3,44 milhões de toneladas verificadas em igual período do ano anterior.

O volume fabricado de etanol alcançou 2,28 bilhões de litros na segunda quinzena de julho, com prioridade à produção de etanol anidro, cujo volume fabricado atingiu 970 milhões de litros, alta de 31,01% em relação a mesma quinzena do último ciclo agrícola. A produção de etanol hidratado, por sua vez, registrou 1,31 bilhão de litros fabricados (-21,98%). Do total produzido de biocombustível, 127,52 milhões de litros foram fabricados a partir do milho.

“Esses números mostram que empresas estão priorizando a produção de etanol anidro para atendimento do nível atual de mistura do biocombustível na gasolina”, explica Rodrigues.

No acumulado desde o início da safra 2021/2022 até 1º de agosto, a produção de açúcar alcançou 18,29 milhões de toneladas, contra 19,82 milhões de toneladas verificadas na mesma data do ciclo 2020/2021. A fabricação acumulada de etanol totalizou 14,11 bilhões de litros, sendo 5,28 bilhões de litros de etanol anidro e 8,83 bilhões de litros de etanol hidratado. Do total fabricado, 981,16 milhões de litros do biocombustível foram produzidos a partir do milho.

“As unidades produtoras permanecem priorizando a produção do etanol utilizado como aditivo à gasolina. Mesmo em um cenário de queda na produção agrícola, a fabricação do biocombustível acumula alta de 24,6% na safra 2021/2022”, ressalta Rodrigues.

Vendas de etanol
No mês de julho, as unidades produtoras do Centro-Sul comercializaram um total de 2,58 bilhões de litros de etanol, registrando, pela primeira vez na safra, uma retração de 4,5% em relação ao mesmo período da safra 2020/2021. Do total comercializado em julho, 182,34 milhões de litros foram destinados para o mercado externo e 2,40 bilhões de litros vendidos domesticamente.

No mercado interno, as vendas de etanol hidratado alcançaram 1,44 bilhão de litros no mês de julho, com redução de 11,68% sobre o montante apurado no mesmo período da última safra (1,63 bilhão de litros). A quantidade comercializada de etanol anidro, por sua vez, registrou aumento de 24,93%, com 960,85 milhões de litros vendidos em 2021 contra 769,11 milhões de litros em 2020.

“As vendas de hidratado em julho ficaram no mesmo patamar das vendas de junho, evidenciando a preferência do consumidor pelo combustível renovável mesmo em regiões com níveis de preços menos convidativos”, explica Rodrigues.

As vendas de etanol outros fins no mercado interno registraram aumento de 6,88% no mês de julho, o que totaliza 127,36 milhões de litros comercializados no período.

No acumulado desde o início da safra 2021/2022 até 1º de agosto, o volume de etanol comercializado pelas empresas do Centro-Sul acumula crescimento de 5,94%, somando 9,68 bilhões de litros. Desse total, 597,43 milhões de litros foram destinados à exportação (queda de 20,42%) e 9,09 bilhões ao mercado interno (aumento de 8,92%). (Unica)

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