De janeiro até setembro deste ano, a geração pela fonte biomassa para o Sistema Interligado Nacional (SIN) foi de 18.802 GWh, um valor 8% superior ao produzido em igual período do ano passado. A informação da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) revela que essa expansão na produção de bioeletricidade contrasta com o atual cenário hidrológico desfavorável nos principais reservatórios das hidrelétricas no país.
“Em setembro, a bandeira tarifária nas contas de energia foi amarela, significando um acréscimo de R$ 2 a cada 100 kWh. Sem essa geração estratégica da bioeletricidade ao longo de 2017, a bandeira tarifária nas contas de energia seria, em meses como setembro, vermelha no patamar 2, representando hoje um custo adicional de R$ 5 a cada 100 kWh consumidos”, avalia o gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar Souza.
O tema foi um dos assuntos discutidos na última quinta-feira (26/10), durante a palestra “Condições de Demanda e Oferta do Setor Elétrico Brasileiro – Uma discussão sobre o horizonte de 5 anos”, ministrada por Andrew Storfer, diretor-presidente da América Energia. O evento contou com a presença de aproximadamente 90 participantes e ocorreu na sede da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), em São Paulo.
Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), em reunião extraordinária recente no Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), ligado ao Ministério de Minas e Energia (MME), considerando-se as quatro principais bacias do SIN como um todo, o ano de 2017, em termos de energias naturais afluentes, está sendo caracterizado como o pior do histórico hidrológico desde 1931. Andrew Storfer, da América Energia, destacou o fato mostrando que, observando dados a partir de 2011, o volume de energia armazenada nos reservatórios do SIN atingiu o pior nível nos últimos meses deste ano.
Por outro lado, a bioeletricidade ofertada para o SIN, no acumulado até setembro, chegou a quase 19 mil GWh, um recorde de produção de acordo com dados da CCEE. Para o gerente em ioeletricidade da UNICA, esse volume de bioeletricidade corresponde a mais de 5% do consumo nacional de eletricidade até setembro, chegando a representar o equivalente a 9% do consumo do País em julho deste ano, normalmente um dos meses mais críticos em termos de energias naturais afluentes nos reservatórios das hidrelétricas.
Essa característica de uma geração pela biomassa no período seco e crítico para o setor elétrico é estratégica para a matriz energética brasileira, sobretudo no Estado de São Paulo, onde reside um enorme potencial a ser aproveitado ainda da biomassa, em especial a advinda do setor sucroenergético. Esta foi a constatação do subsecretário de Energias Renováveis de São Paulo, Antonio Celso de Abreu Jr., que fez a abertura do evento na UNICA.
Segundo Zilmar Souza, o potencial técnico da bioeletricidade sucroenergética ofertada à rede é superior ao total da importação de energia elétrica para atender o Estado de São Paulo, responsável sozinho por 28% do consumo nacional no ano passado e que importa mais de 60% da energia elétrica necessária para seu consumo. “O cálculo mostra que estamos aproveitando menos de 15% do potencial técnico da bioeletricidade sucroenergética no Estado de São Paulo e precisamos estimular o aproveitamento deste potencial instalado no centro consumidor do país”, completa o executivo.
A palestra de Andrew Storfer no último dia 26 de outubro fez parte do Programa Mensal de Palestra sobre as Condições de Demanda e Oferta no Setor Elétrico, que traz, a cada mês, especialistas para tratar deste tema. Sempre lotando o auditório da sede da UNICA, em São Paulo, o Programa é uma iniciativa da UNICA e conta com o apoio institucional da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (ABRACEEL) e da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (COGEN).
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