A energia eólica é hoje a segunda fonte de geração do País, com 10,8% da matriz energética, atrás apenas das hidrelétricas, com 58,3%. Muitos se perguntam se essa fonte pode salvar o Brasil da crise energética causada pela escassez hídrica e o possível racionamento de energia elétrica. Mas a questão é mais complexa.
O Brasil possui 19 GW de capacidade instalada de energia eólica, com 726 parques e mais de 8.500 aerogeradores. Para se mensurar, essa infraestrutura gerou, apenas em 2020, 57 TWh de energia, o que, na média mensal, é suficiente para abastecer 28,8 milhões de residências, o que representa uma população de cerca de 86,4 milhões de indivíduos.
Em média, no ano passado, 9,97% de toda a geração injetada no Sistema Interligado Nacional (SIN) veio de eólicas, abastecendo 17% do País em momentos de recorde nos meses que fazem parte do período chamado de “safra dos ventos”, que é no período de estiagem que vai de maio/junho até novembro. E expectativa é que até 2024, a capacidade instalada no país seja de 30,2 GW.
Quando menos chove, melhores são os ventos e vice-versa. “A energia gerada pelas hidrelétricas e pelos parques eólicos se complementam. A segunda pode, portanto, ajudar muito no momento de escassez hídrica”, explica a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
Em 22 de julho de 2021, os parques do Nordeste brasileiro bateram recordes. Pela primeira vez na história, os ventos brasileiros abasteceram a região em dia todo gerando 102% da demanda. 80% dos parques eólicos brasileiros estão nesta região, que tem um dos melhores ventos do mundo para produção de energia eólica.
Os especialistas acreditam que o Brasil ainda possui muitas décadas de desenvolvimento e ótimas perspectivas de crescimento neste setor. “No caso do Brasil especificamente, o principal gargalo hoje não é uma questão do setor eólico, mas da economia em geral, que precisa crescer para que haja mais contratação de energia”, pontua Élbia Ganon, presidente da ABEEólica.
Em conjunto a ABEEólica e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) desenvolvem um planejamento para esta evolução pujante, já que o Brasil tem um dos melhores ventos do mundo e um potencial enorme.
“Sempre que falamos de contratações e do futuro da fonte eólica no Brasil, é importante reiterar esse conceito muito importante: nossa matriz elétrica tem a admirável qualidade de ser diversificada e assim deve continuar. Cada fonte tem seus méritos e precisamos de todas, especialmente se considerarmos que a expansão da matriz deve se dar majoritariamente por fontes renováveis. Do lado da energia eólica, o que podemos dizer é que a escolha de sua contratação faz sentido do ponto de vista técnico, social, ambiental e econômico, já que tem sido a mais competitiva nos últimos leilões. Não temos como saber quanto será contratado nos próximos leilões do mercado regulado, mas o futuro certamente é promissor para a fonte eólica”, esclarece Ganon.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia