Foto eólica: Renato Aguiar / Foto hidrelétrica: Felipe Tapia

Hidrelétricas e parques eólicos se complementam na matriz energética

A energia eólica é hoje a segunda fonte de geração do País, com 10,8% da matriz energética, atrás apenas das hidrelétricas, com 58,3%. Muitos se perguntam se essa fonte pode salvar o Brasil da crise energética causada pela escassez hídrica e o possível racionamento de energia elétrica. Mas a questão é mais complexa.

O Brasil possui 19 GW de capacidade instalada de energia eólica, com 726 parques e mais de 8.500 aerogeradores. Para se mensurar, essa infraestrutura gerou, apenas em 2020, 57 TWh de energia, o que, na média mensal, é suficiente para abastecer 28,8 milhões de residências, o que representa uma população de cerca de 86,4 milhões de indivíduos.

Em média, no ano passado, 9,97% de toda a geração injetada no Sistema Interligado Nacional (SIN) veio de eólicas, abastecendo 17% do País em momentos de recorde nos meses que fazem parte do período chamado de “safra dos ventos”, que é no período de estiagem que vai de maio/junho até novembro. E expectativa é que até 2024, a capacidade instalada no país seja de 30,2 GW.

Quando menos chove, melhores são os ventos e vice-versa. “A energia gerada pelas hidrelétricas e pelos parques eólicos se complementam. A segunda pode, portanto, ajudar muito no momento de escassez hídrica”, explica a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

Em 22 de julho de 2021, os parques do Nordeste brasileiro bateram recordes.  Pela primeira vez na história, os ventos brasileiros abasteceram a região em dia todo gerando 102% da demanda. 80% dos parques eólicos brasileiros estão nesta região, que tem um dos melhores ventos do mundo para produção de energia eólica.

Os especialistas acreditam que o Brasil ainda possui muitas décadas de desenvolvimento e ótimas perspectivas de crescimento neste setor. “No caso do Brasil especificamente, o principal gargalo hoje não é uma questão do setor eólico, mas da economia em geral, que precisa crescer para que haja mais contratação de energia”, pontua Élbia Ganon, presidente da ABEEólica.

Em conjunto a ABEEólica e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE)  desenvolvem um planejamento para esta evolução pujante, já que o Brasil tem um dos melhores ventos do mundo e um potencial enorme.

“Sempre que falamos de contratações e do futuro da fonte eólica no Brasil, é importante reiterar esse conceito muito importante: nossa matriz elétrica tem a admirável qualidade de ser diversificada e assim deve continuar. Cada fonte tem seus méritos e precisamos de todas, especialmente se considerarmos que a expansão da matriz deve se dar majoritariamente por fontes renováveis. Do lado da energia eólica, o que podemos dizer é que a escolha de sua contratação faz sentido do ponto de vista técnico, social, ambiental e econômico, já que tem sido a mais competitiva nos últimos leilões. Não temos como saber quanto será contratado nos próximos leilões do mercado regulado, mas o futuro certamente é promissor para a fonte eólica”, esclarece Ganon.

Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia

Veja Também

Aprovado crédito para expansão do maior complexo de energia solar da América Latina

Empreendimento, em Minas Gerais, acrescenta 422MWp ao Complexo Solar Janaúba, elevando sua capacidade instalada para …