Mesmo com o cenário climático durante a entressafra favorável, a idade média dos canaviais do Centro-Sul potencialmente atingindo um novo recorde deve limitar o crescimento do indicador de produtividade agrícola na safra 2018/19 de cana-de-açúcar. Em sua revisão de fevereiro, a consultoria INTL FCStone projetou a moagem total da próxima safra em 592,5 milhões de toneladas, crescimento tímido de 0,6% em comparação com o ciclo anterior.
A área colhida também apresenta perspectiva de ligeiro avanço em comparação com a safra 2017/18. “Isso ocorre por conta da provável menor taxa de renovação dos canaviais, que mais uma vez deve se manter abaixo do nível considerado ideal em reflexo aos preços de açúcar e etanol menos favoráveis às usinas em boa parte de 2017”, escreveram os Analistas de Inteligência de Mercado da INTL FCStone, em relatório.
Enquanto isso, o indicador de produtividade agroindustrial (ATR médio) pode apresentar recuo de 1,3% no comparativo anual, para 135,2 Kg ATR/tonelada de cana, justamente por conta dos canaviais mais envelhecidos somados à projeção de uma distribuição da colheita mais próxima do usual ao longo das quinzenas da safra 2018/19.
“Nesse sentido, vale salientar que o ATR médio surpreendente da safra 2017/18 foi favorecido pelo clima extraordinariamente seco entre junho e setembro do ano passado, que aumentou a participação da moagem de cana neste período para 60,5% do total estimado para a safra, versus 55,1% na média das últimas três safras para essa época”, relatou a INTL FCStone.
De acordo as projeções do grupo, a quantidade total de matéria-prima para a fabricação de açúcar e etanol em 2018/19, mensurada pelo ATR total, apresentará queda de 0,7% no comparativo ano-a-ano, para 80,1 milhões de toneladas.
Já em relação ao mix produtivo, a quantidade de matéria-prima destinada à produção de açúcar foi reduzida de 44,0% na estimativa de novembro da consultoria para 42,4% na revisão de fevereiro — ambos valores significativamente abaixo dos 46,8% projetados para 2017/18. Assim, a produção de açúcar entre abril de 2018 e março de 2019 no Centro-Sul deve alcançar 32,4 milhões de toneladas, 10,0% abaixo da produção estimada para a safra anterior.
“Isso ocorre porque, enquanto os preços de gasolina mais elevados e o sistema de cotas e tributação sobre etanol importado dos Estados Unidos oferecem perspectivas positivas para os preços do biocombustível no Brasil, as cotações internacionais do açúcar bruto na bolsa de NY têm oscilado próximo das mínimas dos últimos anos frente à perspectiva de superávit global do adoçante neste ano”, explicou o grupo.
Já a produção total de etanol deve ficar em cerca de 27,1 bilhões de litros, subdivididos em 16,4 bi litros de etanol hidratado (+7,2% no comparativo anual) e 10,7 bi litros de anidro (+2,2%). Além da expectativa de que a chegada de álcool combustível dos EUA no Brasil fique abaixo das importações recordes vistas na safra 2017/18, a melhora no cenário econômico brasileiro oferece perspectivas de que o consumo de combustíveis no país deve apresentar crescimento significativo ao longo do próximo ano-safra.
FCStone