Influenciada pela ampliação na mistura de biodiesel ao diesel para 14% (B14) a partir de março, e pelo consumo interno aquecido para o combustível, a indústria de biodiesel deve elevar em quase 28% a demanda por soja para processamento de óleo neste ano, principal matéria-prima do biocombustível.
Segundo a nova projeção da consultoria StoneX, divulgada hoje, a indústria de biodiesel deverá consumir 36,8 milhões de toneladas de soja em 2024, contra 28,8 milhões no ano passado. Com esse volume, a fabricação do biocombustível poderá alcançar o recorde de 8,9 milhões de metros cúbicos. A produção do biocombustível vai em linha com o consumo, estimado em 8,8 milhões de metros cúbicos.
Em 2023, o consumo de biodiesel cresceu 19,2%, para 7,4 milhões de metros cúbicos. A produção chegou a 7,5 milhões.
“O avanço de 2 pontos percentuais na mistura obrigatória (de biodiesel ao diesel) provocará grande impacto na demanda por matérias-primas, com destaque para o óleo de soja”, disse Leonardo Rossetti, analista sênior de inteligência de mercado da StoneX. A mistura com B12 passou a valer a partir de abril de 2023, e um novo cronograma de aumentos na mistura também foi definido no ano passado.
E mesmo com a provável quebra na colheita de soja, após problemas com seca e chuvas durante o plantio da safra 2023/24, não há temores de que falte produto para atender ao novo mandato.
Oferta garantida
“Por enquanto não há preocupação, o B14 é uma mistura bem viável considerando o que o Brasil produziu de soja e óleo nos últimos anos”, avaliou.
Rossetti lembrou ainda que houve excedente na produção de óleo de soja nos últimos dois anos, que levou à destinação ao mercado externo, algo que deve diminuir neste ano já que a demanda interna estará mais forte. Além disso, ele vê a safra do Brasil em um volume ainda considerado grande, apesar de não configurar um novo recorde.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) reduziu ontem sua estimativa para produção de soja em 2024. A entidade projetou uma safra de 156,1 milhões de toneladas, abaixo das 160,3 milhões de toneladas estimadas pela entidade no mês passado.
“O processamento da soja em grão foi mantido em 54,5 milhões de toneladas em função das expectativas de demanda pelo farelo e óleo de soja. Portanto, não há preocupação quanto ao atendimento à demanda de soja para produção do biocombustível”, disse a Abiove à Globo Rural. Globo Rural