A indústria de biodiesel e outros biocombustíveis obtidos a partir de grãos e oleaginosas estuda propor mudanças no modelo atual do Renovabio para aumentar a participação do setor na emissão de Cbios, os chamados Créditos de Descarbonização, que atestam a eficência na produção de combustíveis renováveis. Segundo o economista-chefe da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Furlan Amaral, a entidade pleiteará um sistema de pré-habilitação para armazéns, cooperativas e produtores que fornecem matéria prima ao setor no próximo ano.
“A dificuldade das cadeias produtivas mais longas, como no caso da soja por exemplo, é que elas têm uma rede de fornecedores muito ampla. Temos venda direta de fornecedores para fábrica, de fornecedores que vai pra silos e armazéns e depois pra fábrica, e temos também a venda por meio de empresas intermediarias”, explicou o economista.
Atualmente, o programa mantido pelo Renovabio exige a rastreabilidade da matéria-prima para a certificação e emissão do Cbio – o que dificulta a adesão por parte da indústria de óleos vegetais.
“Hoje o produtor de biodiesel emite Cbios numa porcentagem muito inferior a sua capacidade e isso decorre do fato de que nós originamos matéria-prima de produtores de grãos ou a usina de biodiesel origina óleo de uma esmagadora e isso não está reconhecido no Renovabio do ponto de vista das certificações”, acrecsenta o presidente executivo da Abiove, André Nassar ao defender o que chamou de “adequações” no programa para incluir o setor de biodiesel e outros biocombustíveis obtido a partir de grãos.
O pleito faz parte de uma série de medidas que serão defendidas pelo setor a partir do ano que vem, entre elas o fim da obrigatoriedade da comercialização mínima bimestral de 80% do volume registrado no ano anterior e o aumento da mistura obrigatória, hoje em 10%. “Mesmo que o governo não queira, vamos continuar insistindo”, destacou Nassar.
“Sabemos que a variável mais importante para o governo é o impacto do biodiesel nos índices de inflação, mas também como ele se distribui em toda a economia brasileira porque assim como todo brasileiro come comida, todo caminhão utiliza diesel”, pontua o presidente-executivo da Abiove ao ressaltar que o efeito das mudanças na mistura obrigatória sobre a inflação é “bem pulverizado”. “O que nós queremos mostrar é que, a despeito do fato de que pode haver um impacto no preço do diesel, existem outros impactos na direção contrária na redução de preços no mercado de alimentos”, completa Nassar. Globo Rural