A Jalles Machado e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) apresentaram, ontem, durante o 5º Dia de Campo, as variedades IACCTC058069, IACCTC078008 e IACCTC078044, com características regionais adaptadas a ambientes restritivos que incluem déficit hídrico acentuado e solos desfavoráveis para produção. O evento reuniu cerca de 600 pessoas entre autoridades, lideranças e profissionais do setor sucroenergético brasileiro.
O Grupo Jalles Machado, composto por duas unidades agroindustriais, Jalles Machado e Unidade Otávio Lage, ambas localizadas no município de Goianésia-GO, desenvolve há 22 anos parceria com o IAC, vinculado à Agência Paulista de Tecnologia em Agronegócios (APTA), da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de São Paulo. A parceria reúne trabalho científico e a expertise do Programa Cana IAC, com experimentos na área da Jalles Machado e investimentos públicos e privados.
O diretor do Centro de Cana e coordenador do Programa Cana IAC, Marcos Landell, ressalta que as novas variedades são resultado de um longo trabalho de pesquisa e desenvolvimento realizado pela instituição em parceria com a usina. “Em 2001, começamos a introduzir na Jalles Machado sementes de cana produzidas na estação de hibridação do IAC na Bahia com alto grau de variabilidade genética com o intuito de identificar os materiais que mais se adaptavam a essa região. Hoje, estamos colhendo os resultados desses anos de trabalho, com o lançamento dessas três variedades que apresentam alto desempenho nessas condições”, explica.
O diretor-presidente da Jalles Machado, Otávio Lage de Siqueira Filho, afirma que o trabalho que o IAC desenvolve é fundamental para o setor sucroenergético. “O Instituto Agronômico realiza pesquisas que possibilitam aos produtores de cana melhorar as técnicas de manejo e aumentar a sua produtividade agrícola por meio da adoção de variedades de cana que apresentam alta performance. Estamos muito orgulhosos dessa parceria e de apresentar as novas variedades desenvolvidas”, ressalta.
O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, fez questão de participar do lançamento das novas variedades. “É com muita satisfação que participo deste evento tão importante para o setor sucroenergético brasileiro. A Jalles Machado é referência por buscar inovação, produzir com sustentabilidade e formar parcerias, como essa com o IAC que nos proporcionam desenvolver e contribuir com novas tecnologias no Centro-Sul”, completa.
As variedades
As variedades IACCTC05-8069, IACCTC07-8008 e IACCTC07-8044 apresentam produtividade agrícola de 11% a 16% superior à da RB867515, a variedade mais cultivada no Centro-Sul do Brasil.
Além da alta produtividade, as novas variedades IAC apresentam grande longevidade, que deve se aproximar de dez cortes. Isto significa que o produtor terá que renovar seu canavial somente após a décima colheita – o que representa de duas a três colheitas a mais do que a média obtida nos canaviais. Esta é uma característica cada vez mais importante na canavicultura atual, segundo Marcos Landell. “Acreditamos que variedades com este perfil que estamos lançando permitam dois a três colheitas econômicas a mais, fazendo com que a renovação de um canavial se aproxime de dez colheitas”, afirma.
A IACCTC05-8069, IACCTC07-8008 e IACCTC07-8044 também apresentam resistência às principais doenças da cultura da cana-de-açúcar nessas condições regionais, que são: carvão, ferrugens, escaldadura e mosaico. “Uma das adicionalidades esperada em uma variedade é que ela, além de ser mais produtiva, tenha uma boa resistência de campo às principais doenças”, diz o pesquisador.
De acordo com Landell, a IACCTC05-8069 tem um perfil responsivo, isto é, ela responde de maneira mais acentuada a um manejo que transforme o ambiente original em outro de maior potencial. “Isto pode ser feito com a irrigação, com a utilização de compostos orgânicos, por exemplo”, explica o pesquisador. A IACCTC05-8069 é ainda mais competitiva no período de colheita de abril a agosto. Em condições de irrigação suplementar, ela se destaca ainda mais na comparação com a RB867515, que representa 29,9% das variedades plantadas na região de Goiás, de acordo com o senso varietal realizado pelo Instituto Agronômico. A IACCTC05-8069 tem teor de sacarose médio e sua época de colheita é no outono-inverno.
A IACCTC07-8008 apresenta rendimento agrícola em torno de 11% a 16% superior à da variedade padrão RB867515, em todas as épocas de colheita, tanto em ambientes restritivos, em condições de sequeiro, como em situação favorável, com irrigação complementar. “Seu grande destaque é a produtividade agrícola, originada principalmente na elevada população de colmos; esta característica proporciona à IACCTC07-8008 um grande potencial na produção de bagaço, expressa pelo indicador Tonelada de Fibra por Hectare (TFH)”, avalia o pesquisador. Seu teor de sacarose é classificado como médio e sua época de colheita vai do outono à primavera.
Já a IACCTC07-8044, que também tem perfil responsivo, é mais competitiva no período de colheita de abril a agosto, em ambientes considerados superiores. Sua colheita é feita no outono-inverno. De acordo com Landell, ela apresenta alto teor de açúcar durante um longo período da safra. “Em condições de irrigação suplementar, ela tem grande vantagem sobre a variedade RB867515 e uma população de colmos que é 38,9% superior à desta variedade padrão”. Landell explica que este perfil populacional é essencial em regiões de alto déficit hídrico, o que pode redundar em canaviais de grande longevidade. “Observa-se que um dos fatores de redução do número de colmos em um canavial é o déficit hídrico acentuado; uma variedade que parte de um número significativamente superior ao padrão nos permite inferir que ela deverá proporcionar uma perenização maior de suas soqueiras”, explica.
Jalles Machado