Embora o Leilão de Energia Nova (LEN A-5 de 2021), realizado na última semana pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em São Paulo (SP), tenha aumentado a contratação das fontes renováveis mais baratas, como solar e eólica, o volume arrematado de fontes mais caras (biomassa) ainda foi maior no certame, o que traz um sinal de alerta para o Governo Federal e para os consumidores.
A análise é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). Segundo o presidente executivo da entidade, Rodrigo Sauaia, os resultados do certame reforçam a competitividade da fonte solar fotovoltaica, bem como sinalizam um norte de planejamento com este aumento da participação nos montantes negociados pela fonte. “O volume contratado foi, contudo, muito baixo em comparação com o número elevadíssimo de projetos participantes do leilão. Isso ocasionou uma alta competição entre os empreendedores, produzindo preços-médios abaixo da referência para a fonte solar fotovoltaica no Brasil, o que demonstra uma alta capacidade competitiva da fonte, mesmo em momentos de turbulência macroeconômica”, comenta.
“O setor solar ofertou mais de 800 projetos, porém o volume muito pequeno contratado da fonte frente a essa oferta desapontou o mercado e os investidores. Perde-se a oportunidade de dar um final claro à sociedade de expansão das renováveis no País, especialmente da solar fotovoltaica, uma das mais competitivas do País”, acrescenta Sauaia.
Com um deságio de 12,63% em relação ao preço inicial de R$ 191,00/MWh, a fonte solar atingiu um preço médio de venda de energia elétrica de R$ 166,89/MWh (equivalente a US$ 30,90/MWh). Os preços médios da fonte eólica foram de R$ 160,36/MWh; da biomassa, R$ 271,26/MWh, e de resíduos sólidos, R$ 549,35/MWh.
Os projetos solares fotovoltaicos contratados pelo LEN A-5 de 2021 estão localizados nas regiões Nordeste e Sudeste, os estados do Ceará (96,24 MW), Piauí (60 MW) e São Paulo (80,16 MW). Foram arrematadas 20 novas usinas da fonte, totalizando 236,40 MW de potência e novos investimentos privados de mais de R$ 901 milhões até 2026. Em média 47% da energia elétrica das usinas serão destinadas aos consumidores cativos das distribuidoras no ambiente de contratação regulada (ACR). O restante da energia será comercializado no ambiente de contratação livre (ACL).
Para diversificar a matriz elétrica, aumentar a segurança de suprimento, reduzir a dependência hídrica e baratear a energia elétrica, a associação recomenda que o Governo Federal aumente a contratação da fonte solar no Brasil.
“A escassez hídrica reforça ainda mais o papel estratégico da energia solar como parte da solução para diversificar e fortalecer o suprimento de eletricidade do País, fundamental para a retomada do crescimento econômico nacional”, complementa Anderson Garofalo Concon, vice-presidente de geração centralizada da ABSOLAR.
Segundo a ABSOLAR, as usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos atualmente, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores.
“Graças à versatilidade e agilidade da tecnologia solar, uma usina fotovoltaica de grande porte fica operacional em menos de 18 meses, desde o leilão até o início da geração de energia elétrica. A solar é reconhecidamente campeã na velocidade da sua construção”, aponta Concon.
A potência instalada das grandes usinas solares fotovoltaicas conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) acaba de ultrapassar a soma das usinas termelétricas fósseis à carvão mineral. De acordo com mapeamento da ABSOLAR, são 3,8 GW de potência instalada da fonte solar nas grandes usinas, ante um total de 3,6 GW de termelétricas movidas a carvão mineral. Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao Brasil mais de R$ 20,5 bilhões em novos investimentos e mais de 114 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação de R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos.( Assessoria ABSOLAR)