Políticas setoriais mais estimulantes para a bioeletricidade gerada a partir da biomassa da cana e de seus subprodutos, com leilões organizados de forma a valorizar mais a contratação desta fonte limpa e renovável, além de medidas que fortifiquem o mercado livre, no qual a negociação é feita diretamente entre consumidores e vendedores de energia. Estes foram os principais assuntos discutidos por mais de 70 representantes de empresas sucroenergéticas e companhias envolvidas com o aproveitamento do biogás da vinhaça durante o Seminário “COGEN/UNICA – Bioeletricidade: mercado e tecnologia”, realizado na quarta-feira (10/08), na sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em São Paulo (SP).
O evento, uma iniciativa da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (COGEN) e da UNICA, teve a participação de diversos especialistas do mercado elétrico nacional. Entre os palestrantes, estiveram presentes: Carlos Silvestrin (CONE Consultoria), que apresentou o tema “Biogás de Vinhaça – Oportunidade para Leilão de Energia”; José Ferrari e Celso Bertinotti (Gás Brasiliano), que mostraram a solução das usinas híbridas para o setor sucroenergético; e Ricardo Savoia (Thymos Energia), que debateu sobre a oferta e demanda de energia elétrica no País.
Primeiro a palestrar no evento, Carlos Silvestrin informou que para cada litro de etanol produzido são gerados de 10 a 15 litros de vinhaça. Trata-se de uma margem significativa para o aproveitamento do subproduto da cana destinado à fabricação de biogás e de biometano. Segundo o consultor, o potencial teórico de produção de energia elétrica com o este volume de biogás da vinhaça atingiria 19.320 GWh por safra até 2030. “Isto daria para atender quase 10 milhões de residências, garantindo eletricidade pelo ano inteiro”, comenta o gerente em Bioeletricidade da UNICA, Zilmar Souza.
Na sequência do Seminário, os executivos da Gás Brasiliano apresentaram um arranjo tecnológico que trata do uso combinado de biomassa e gás natural nos sistemas de cogeração em unidades produtoras de açúcar e etanol. Para José Ferrari e Celso Bertinotti, com esse modelo de negócios, usando-se o gás natural nas usinas, pode-se melhorar a produtividade geral de energia elétrica e a rentabilidade final dos projetos.
A palestra final coube ao diretor da Thymos Energia, Ricardo Savoia, que comentou, dentre outros temas, sobre a grande e recente migração de clientes do ambiente regulado para o mercado livre de energia, e que isto resultará numa demanda crescente pelas fontes renováveis, incluindo a biomassa. Para o presidente-executivo da COGEN, Newton Duarte, o fortalecimento institucional do mercado livre certamente também contribuirá para viabilizar novos projetos de geração a partir da do bagaço e da palha da cana.
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