O SustenAgro, liderado pela Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), prevê o levantamento de dados dos sistemas de produção mais representativos da cana-de-açúcar nas regiões e microrregiões do Centro Sul do Brasil. Visa desenvolver uma nova metodologia para avaliar a sustentabilidade dos sistemas de produção de cana-de-açúcar.
“O monitoramento da expansão da cana-de-açúcar torna-se fundamental e as imagens de sensoriamento remoto apresentam potencial para contribuir com esse tipo de análise, pois possuem capacidade para identificar sobre quais usos da terra esta cultura tem se expandido”, explica Katia de Jesus, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente e coordenadora do projeto.
A equipe apresentou o embasamento técnico para uma proposta metodológica para avaliação do uso e expansão da cana-de-açúcar utilizando a abordagem de Landscape Design, conceito que visa a análise sustentável da paisagem levando em consideração aspectos ambientais e socioeconômicos e sua influência, empregando ferramentas de Sistema de Informação Geográfica (SIG). Essa metodologia sugere que os mapas gerados devem ser considerados como um ponto de partida para políticas públicas.
Também foi feita a avaliação da expansão da cultura segundo os critérios de sustentabilidade da Diretiva Europeia (2009/28/CE-DE), em estudo piloto na região de Rancharia, SP. De acordo com os critérios dessa Diretiva, os biocombustíveis não devem ser produzidos a partir de matérias-primas provenientes de terrenos ricos em biodiversidade.
Rancharia foi a cidade escolhida para a análise porque, de acordo com o projeto Canasat do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre as safras de 2007 e 2013, a área plantada aumentou aproximadamente 200%. De acordo com os dados obtidos, a expansão ocorreu principalmente sobre áreas onde antes eram pastagens e solo exposto, e não expandiu para áreas de vegetação natural, ou seja, houve o cumprimento da Diretiva.
As ferramentas de SIG também foram empregadas para avaliar o cenário agroenergético da cana no estado de São Paulo, com o objetivo de analisar a sensibilidade das áreas utilizadas para a produção de cana, integrando indicadores ambientais e socioeconômicos. A metodologia consistiu em classificar variáveis socioeconômicas e ambientais, associadas a produção de cana, em três graus de sensibilidade: alta, média e baixa.
Foi possível observar que as áreas com cana estavam localizadas principalmente nas regiões norte, oeste e central do Estado. Essas áreas possuem alta correlação com o mapa de declividade, pois as máquinas de plantio e colheita de cana têm limitações referentes a declividade do terreno. O mapa de aptidão agrícola e o do zoneamento agroecológico da cana, produzido pela Embrapa, indicou as regiões oeste e central do Estado como as áreas mais aptas para expansão da cana.
Entre os dias 11 a 13 de novembro de 2015 pesquisadores do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, da Apta-UPD – Tietê, do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Embrapa Meio Ambiente, membros do Projeto SustenAgro, apresentaram esses resultados no 10º Congresso sobre Geração Distribuída e Energia no Meio Rural.
A pesquisadora Katia de Jesus, líder do Projeto SustenAgro, agradece os autores dos estudos Cauã Miranda e Núria Rampazo (Unicamp) e Sérgio Torquato (APTA Regional, UPD – Tietê) e os co-autores que colaboraram com essas pesquisas: Michelle Picoli e Daniel Duft (Centro de Tecnologia do Bioetanol – CTBE – Campinas/SP), Archimedes Perez Filho e Pedro Machado (Unicamp). Embrapa Meio Ambiente