Nos últimos anos, todas as ações da indústria e da lavoura têm passado por ajustes. O orçamento do produtor rural deve sempre ser reavaliado, principalmente em época de crise econômica mundial, como a que ocorre atualmente. Entre os itens principais, a aquisição ou aluguel de maquinário agrícola é uma questão que deve ser analisada para que se tome a melhor decisão sobre o assunto.
David Zini, diretor comercial da Ouro Verde, especializada em locação de maquinário, comenta que a empresa possui presença significativa no setor sucroenergético. Isso porque, para essa cultura, o aluguel de maquinário é mais vantajoso do que para a cultura de grãos, por exemplo.
“A locação dos equipamentos para cultivo de cana se justifica, uma vez que se faz uso dos insumos por mais tempo. Quando se faz uma utilização mais intensa, é vantajoso fazer a locação e destinar o capital para aumentar o plantio ou arrendar mais terra, por exemplo.”
Para outras culturas, como a de grãos, a utilização do maquinário é menor, sendo de dois a três meses no ano, em média. “O agricultor prefere a compra do equipamento, por causa do financiamento. Após o uso, ele faz a manutenção e guarda o maquinário.”
Crise econômica
Em período de crise, como o que se tem vivido nos últimos anos, Zini destaca a dificuldade na aquisição de equipamentos graças à restrição das linhas de crédito. “Na situação atual do mercado, até mesmo as culturas de safra menores têm se interessado por locação”, diz. Nos anos de 2015 e 2016, segundo Zini, o crescimento da procura está na ordem de 15%, se comparado a 2014.
Juliana Passos, diretora de Operações da DCCO, confirma esse cenário. Ela explica que, levando em consideração o mercado atual, com a diminuição do crédito a empresários e produtores rurais, aumento de juros sobre investimentos, incertezas políticas e instabilidade da cotação do dólar frente ao real, está-se vivenciando um maior número de orçamentos e fechamentos de locação em detrimento da compra do maquinário.
“A locação de equipamentos é vantajosa para empresários ou agricultores que querem minimizar o investimento de capital e otimizar as despesas operacionais, aumentando assim o fluxo de caixa do negócio final. Quem aluga um equipamento conta com suporte técnico 24 horas, logística e troca do maquinário caso ele venha a falhar, o que não vai fazer com que a produção interrompa o funcionamento.”
Zini comenta que, especificamente para o setor sucroenergético, a procura por maquinários não teve crescimento expressivo, graças às dificuldades que algumas usinas passaram nos últimos anos. “No geral, não cresceu a procura, mas houve uma movimentação. Aqueles que sobreviveram à crise começaram a expandir.” Por outro lado, ele afirma que o agronegócio não está em crise. “Aquele produtor que precisa de financiamento, muitas vezes não tem mais crédito no banco ou nas montadoras. Como o setor sucroenergético usa muito os equipamentos, isso justifica sua locação. Para ele, o contrato de locação é de cerca de cinco anos, mas ele usa cerca de nove meses ao ano.”
Já Juliana explica que a DCCO teve um aumento considerável de orçamentos e faturamento nos últimos anos.
“Comparando o faturamento do ano 2011 com 2015, houve um aumento de 99%, nesses anos. Entretanto, tivemos uma queda considerável de faturamento no setor de locação. Comparando 2015 e 2016, tivemos uma queda de 19%; se comparado ao mesmo período de 2014, tivemos uma queda de mais de 2%.”
Ana Flávia Marinho-Canal-Jornal da Bioenergia