Hoje, o Estado ocupa a quarta posição no ranking de produtores do biocombustível
Mato Grosso do Sul é o quarto maior produtor de etanol, proveniente da cana-de-açúcar e do milho, no território nacional.Com novos investimentos e uma produção crescente, o Estado deve se tornar o segundo maior produtor do biocombustível no Brasil. A informação é do novo presidente da Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), Amaury Pekelman.
“Pelas projeções que estamos fazendo, MS nas próximas duas safras pode ser o segundo maior produtor de etanol no Brasil. O setor experimenta a sua terceira fase de expansão em produção, com investimentos e consolidação das usinas que estão em operação, chegada de novas unidades, diversificação da produção com novos produtos e o desafio de promover a qualificação de profissionais para atender esse novo momento”, analisa.
Conforme dados da Biosul, na safra 2023/2024, encerrada em 31 de março, foram produzidos 3,8 bilhões de litros de etanol, alta de 16% quando comparado ao ciclo anterior (3,2 bilhões de litros).
Hoje, o Estado conta com 19 unidades produtoras de açúcar, etanol, bioeletricidade e biogás a partir da cana-de-açúcar e do milho, além de mais três projetos em fase de instalação, formando um dos maiores polos de produção de energia limpa e renovável do Brasil.
Pekelman explica que o segmento tem reais condições de crescer.
“O setor sucronergético se consolidou em MS como um dos principais segmentos agroindustriais, não apenas em termos de produção, mas como um importante pilar de práticas sustentáveis que alia produção e preservação dos recursos naturais, além dos aspectos sociais e econômicos com a geração de empregos formais, capacitação de mão-de-obra e desenvolvimento econômico nas cidades onde as usinas estão instaladas”, adiciona.
Ainda de acordo com a Biosul, a cana-de-açúcar é a principal matéria-prima para a produção de etanol, responsável por 75% do biocombustível de MS, ou 3,7 bilhões de litros. Enquanto o milho é responsável por 25% da produção (com 960 milhões de litros).
Das 19 usinas em operação no Estado, todas são produtoras de etanol hidratado; 12 de anidro, duas produtoras de etanol a partir do milho. Todas as plantas realizam a cogeração de bioeletricidade no montante de 2 milhões de Megawatt-hora (MWh) .
Levantamento da União Nacional do Etanol de Milho (Unem) aponta que na safra anterior (2022/2023), Mato Grosso do Sul já havia se destacado com a segunda maior produção de etanol de milho do País.
A entidade enfatiza ainda que somente a produção de uma usina em operação no Estado foi responsável por 21,91% do volume de etanol de milho produzido no Brasil.
Além de Mato Grosso do Sul, outros quatro estados brasileiros produzem etanol de milho, hidratado e anidro. Mato Grosso lidera o ranking da produção do biocombustível, seguido por MS, Goiás, Paraná e São Paulo. Ao todo, o País já conta com 20 usinas de etanol em operação.
O etanol é um biocombustível limpo e renovável capaz de reduzir até 90% os gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), quando comparado a gasolina.
EXPANSÃO
A cadeia produtiva do setor sucroenergético ainda conta com diversos investimentos públicos e privados que fomentam a expansão no Estado. No início deste ano a Inpasa anunciou um investimento de mais R$ 1 bilhão na 2ª fase da fábrica de Sidrolândia.
A fábrica é a 4ª unidade da Inpasa no País, grupo que hoje é o maior transformador de cereais em energias limpas e renováveis da América Latina.
Com um investimento estimado de mais de R$ 2,2 bilhões no município de Sidrolândia, somente na etapa de estruturação da unidade a previsão é de que sejam gerados mais de 2 mil empregos além de 350 novos postos de trabalho efetivos, a partir do funcionamento da planta.
A capacidade produtiva prevista é de 800 milhões de litros de etanol, 450 mil toneladas de DDGS – subproduto constituído por resíduos de cereais- , 44 mil toneladas de óleo e 400 gigawatt-hora (GWH) de energia elétrica.
A operação deve começar em outubro de 2024.Além disso, também estão previstos investimentos na instalação do posto de combustível e centro de serviços da Rodobras, com previsão de 110 empregos diretos e 60 indiretos.
Empresa subsidiária da Cerradinho Bioenergia, a Neomille, recebeu a autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no fim do ano passado para produzir etanol em Maracaju.
A empresa destaca que o foco é na produção de etanol de milho e seus coprodutos, como a ração animal, óleo e energia. A previsão é de que a produção se inicie após 18 meses de obras. O investimento na construção foi de R$ 1,08 bilhão.
Em sua primeira fase, a fábrica vai processar 608 mil toneladas de milho. A nova planta tem capacidade de ofertar ao mercado 266 milhões de litros de etanol, 161 mil toneladas de DDGS, 10 mil toneladas de óleos e 51 GWh de energia. (EVELYN THAMARIS E SÚZAN BENITES/ Correio do Estado)