Um projeto importante, conduzido pela Aneel e por 11 concessionárias de distribuição de energia elétrica e que prevê a participação do comércio, poder público, da indústria e de condomínios residenciais e empresas agrícolas, começou a ser oferecido aos consumidores finais de energia elétrica agora no mês de setembro. Desde que utilizem força motriz – isto é, motores elétricos – empreendimentos dessas atividades podem se candidatar a bônus para troca de motores antigos por novos: uma melhoria capaz de reduzir a conta de energia elétrica e gerar economia de 25 % no consumo.
O percentual de bônus varia de distribuidora para distribuidora. As concessionárias que oferecerão bônus para a troca são CPFL Paulista, CPFL Piratininga, RGE, Coelba, Celpe, Cosern, Copel, Elektro, Celesc, Cemig e Eletropaulo. A Coelba, por exemplo, pretende conceder bônus de até R$ 22.157,00 e disponibilizará R$ 2,6 milhões em recursos. A Celpe, que pertence ao mesmo grupo da Coelba e Cosern (Neoenergia) repetirá os valores da Coelba. O montante oferecido pela Cosern será de R$ 750 mil. Na Celesc, o valor do bônus será fixo por potência do motor e a disponibilidade de recursos chega a R$ 10 milhões.
Na indústria, os motores representam a maior parte do consumo de energia – de acordo com Ministério de Minas e Energia (MME), o setor consome 43,7% de toda energia elétrica nacional e a força motriz em operação usa 68% dessa energia elétrica, sendo 30% consumida por motores elétricos –, muito em função da prática de recondicionamento, que torna os motores antigos menos eficientes.
Segundo a Abraman (Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos), os motores utilizados no Brasil têm idade média de 17 anos. Essa defasagem revela a cultura brasileira de reformar motores ao invés de trocá-los por novos. Para se ter uma ideia desse volume, hoje existe uma equivalência no número de motores novos e reformados. Isso é algo extremamente preocupante, porque estima-se que a perda de eficiência energética a cada reforma seja de 3 % e é comum um motor ser recondicionado mais de uma vez, aumentando o custo operacional e o desperdício de energia elétrica.
Os motores de alto rendimento, com maior condutividade elétrica, diminuem perdas de energia e ainda têm a vantagem de uma vida útil maior, se comparados aos motores convencionais. A substituição de motores elétricos antigos por motores premium, de alta performance, com maior presença de cobre, vai diminuir o peso da fatura de consumo, trazer aumento da produtividade e queda dos custos de manutenção.
Ainda em junho passado, antecipando a chamada das distribuidoras junto aos consumidores para apresentação de projetos e a captação de bônus oferecido pelas concessionárias de energia, a Eletrobrás e o ICA (por meio do Instituto Brasileiro do Cobre – Procobre) elaboraram um guia técnico sobre motor premium. O guia apresenta como selecionar o melhor motor para cada atividade e as formas de operação que permitem ampliar a sua eficiência, confiabilidade e durabilidade.
A exemplo do motor, a aquisição de equipamentos não pode ser uma escolha baseada apenas no menor preço, sem levar em conta a vida útil do bem, o custo de manutenção, a sustentabilidade – só para citar alguns fatores. A economia de recursos que o motor premium traz, por si só, já justificaria a renovação dos equipamentos. O investimento em eficiência energética é mais barato do que qualquer outro em produção de fonte de energia. A iniciativa da Aneel, por meio das distribuidoras de energia, é louvável e o consumidor final precisa estar atento para se valer dessa oportunidade.
Glycon Garcia é engenheiro eletricista e diretor executivo do Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre), instituição sem fins lucrativos que faz parte da International Copper Association (ICA).