Os avanços do combustível do futuro

A Lei do Combustível do Futuro, sancionada em outubro de 2024, estabelece que a mistura de etanol na gasolina pode chegar a 35%. Com isso, iremos reduzir a importação de gasolina, contribuir para descarbonização e ajudar na transição energética do país.

O Mundo Agro conversou com o Lucas Brunetti, da consultoria Agro do Itaú BBA, para saber qual será o impacto desse aumento.

Mundo Agro: Qual impacto da mudança do E27 para E30 na demanda de combustíveis?

Lucas Brunetti: Os impactos da mudança do E27 para o E30 (de 27% de mistura para 30% de mistura) são diversos. Nesse primeiro ano, que consideramos no ano safra 25/26, haveria um aumento de 1,7 bilhão de litros no consumo de etanol anidro, já que o aumento de 3% da mistura exige mais etanol, mas também vai resultar em um pequeno aumento no uso da gasolina tipo C (que já contém mistura) e um leve decréscimo no uso do etanol hidratado. Isso pode até gerar uma escassez pontual de etanol hidratado.

No entanto, mesmo com o aumento no uso de gasolina tipo C, haverá uma redução no consumo de gasolina pura, ou seja, a gasolina da refinaria da Petrobras, que deve cair cerca de 0,5 bilhão de litros. Portanto, se o consumo total de gasolina aumentar, o consumo de etanol anidro também subirá, mas o consumo de gasolina pura diminuirá.

Esse cenário já traz um impacto positivo, principalmente para o etanol e o meio ambiente, já que haverá uma redução na quantidade de gasolina consumida e um aumento no uso de combustível renovável, resultando em uma menor pegada de carbono já no primeiro momento.

No médio e longo prazo, haverá maior previsibilidade no consumo e um potencial maior para o consumo de etanol. Isso favorece os investimentos no setor, tanto em etanol de cana quanto de milho, além de atrair mais recursos para o cultivo de cana-de-açúcar, o que gera uma série de produtos renováveis.

Mundo Agro: Qual o cenário do etanol em 2025?

Lucas Brunetti: Em 2025, acreditamos que o cenário será de preços um pouco mais elevados do que em 2024, com um consumo forte. Mesmo sem a mudança do E27 para o E30 (27% de mistura para 30%), será um ano de preços relativamente mais altos.

As usinas de cana produziram bastante etanol, mas, no próximo ano, a produção de etanol deve diminuir um pouco, pois elas vão privilegiar a produção de açúcar, que está mais remunerador.

As usinas de açúcar e álcool têm o potencial de produzir tanto etanol quanto açúcar, mas quando um produto se torna mais lucrativo que o outro — como no caso do açúcar agora — as usinas fazem investimentos para aumentar a produção de açúcar.

Mundo Agro: Etanol é o combustível do futuro?

Lucas Brunetti: O etanol é um dos combustíveis do futuro. Existem várias opções de combustíveis contemplados na Lei do Combustível do Futuro, que foi promulgada no ano passado. O etanol, o biodiesel, o SAF (querosene de aviação sustentável), o diesel verde (diesel renovável) e o biometano são todos combustíveis do futuro.

Imaginamos um futuro com uma variedade de novos combustíveis e fontes de energia. Sabemos que, ao sairmos dos combustíveis fósseis derivados do petróleo, especialmente os combustíveis líquidos, precisamos de várias fontes de matéria-prima para substituir algo que foi extremamente eficiente e barato nos últimos 100 anos, que é o combustível fóssil proveniente do petróleo. Foi uma tecnologia incomparável em termos de baixo custo, facilidade e grandes volumes.  R7

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