Foto: Vivian Chies

Pesquisas com coprodutos de oleaginosa serão apresentadas no Congresso de Biodiesel

Congressos, simpósios, mesas-redondas, workshops e palestras são alguns dos eventos que ocorrem no meio cientifico com relevância para a promoção de avanços nas pesquisas de várias áreas. Por isso a Embrapa Agroenergia, assim como várias outras instituições, se faz presente nesses eventos apresentando seus trabalhos.

No período de 22 a 25 de novembro acontecerá o 6º Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel e o 9º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel. Nesta ocasião vários trabalhos da Unidade serão expostos, abordando desde a produção da matéria-prima, passando pela qualidade do biocombustível, mercado, e a utilização dos coprodutos.

O prazo para envio de trabalhos científicos se encerra dia 18 de setembro e pode ser feito através do site do evento.

Esta última linha de atuação está totalmente vinculada ao conceito de biorrefinarias, em que todos os resíduos são vistos como matérias-primas para outro processo gerando novos produtos, agregando valor à cadeia produtiva, ressalta a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Simone Mendonça. “É possível reduzir o preço do biodiesel quando os custos são divididos nas diversas partes dessa oleaginosa”, explica.

A soja, por exemplo, depois que é extraído o óleo sobra o farelo que é usado na alimentação humana e também como ração animal. E, da produção do biodiesel, também é formada a glicerina, mais um produto que as usinas estão beneficiando ou vendendo da forma bruta, o que vem a ser mais uma fonte de renda. Em uma das pesquisas na Embrapa Agroenergia, a glicerina gerada a partir do biodiesel é fermentada para a produção de compostos químicos de interesse da indústria da química fina.

Além desse benefício econômico existem também os aspectos sociais e ambientais envolvidos. O aspecto ambiental refere-se ao máximo aproveitamento dos recursos naturais, gerando a menor quantidade de resíduos possível.

Em relação ao social, frisa Mendonça, amplia-se as oportunidades da agroindústria para novas aplicações, permitindo a diversificação econômica e abrindo novos mercados de trabalho em regiões agrícolas. Além disso, atrai novas indústrias e, consequentemente, o desenvolvimento econômico do local.

“Quando você dá novas destinações à biomassa você ganha em termos econômicos, mas também impacta positivamente as questões sociais e ambientais relacionadas ao agronegócio”, constata a pesquisadora.

Pesquisas

Sabendo dessa importância, a Embrapa Agroenergia desenvolve pesquisas na cadeia produtiva de diversas oleaginosas. Simone desenvolve pesquisas com a destoxificação de tortas (nome dado ao resíduo sólido que sobra após a extração do óleo) de pinhão-manso e algodão. Embora a torta de caroço de algodão já seja utilizada na alimentação animal, ela se restringe apenas aos ruminantes (bovinos, caprinos, etc) e em níveis de adição limitados. Já o resíduo do pinhão-manso não pode ser usado como ração em nenhuma quantidade.

“Uma solução é a utilização de bioprocessos, em que os microrganismos (Fungos) crescem nessas tortas, e produzem enzimas que as destoxificam, tornando-as aptas para serem consumidas por animais” conta a pesquisadora.

Além da ração animal, também tem sido identificados compostos bioativos que podem ser utilizados para outras aplicações.

Outro projeto onde o tema de aproveitamento de coprodutos é abordado é o Dendepalm, que aborda diversas áreas dentro da cadeia produtiva do dendê. A fibra de prensagem do dendê, resíduo que fica após a extração do óleo da polpa, é rica em beta-caroteno, um composto químico de interesse da indústria de alimentos e farmacêutica, com alto valor agregado por suas propriedades antioxidantes e de precursores da vitamina A. Neste projeto são buscadas formas de separá-lo da torta e estabiliza-lo na forma de microencapsulados, fabricando um aditivo adequado para o uso comercial.

Outra aplicação testada é a produção de enzimas a partir desses resíduos industriais. Essa pesquisa utiliza os nutrientes presentes em vários resíduos de dendê (cacho, fibra de prensagem, torta) para produzir cogumelos e também enzimas de interesse para o setor de etanol lignocelulósico.

Já o POME, que é o resíduo líquido produzido durante a extração do óleo do dendê, tem sido avaliado pelos pesquisadores da Embrapa Agroenergia para a produção de biogás e microalgas. Assim esse líquido poluente é retirado do meio ambiente e gera novos produtos.

O engaço do dendê também pode ser aproveitado e está sendo analisado para a produção de novos produtos. Uma possibilidade é empregá-lo para gerar nano fibras de celulose usadas no reforço de borracha.

Todas essas pesquisas estão em andamento e algumas serão apresentadas durante o Congresso. Também queremos conhecer pesquisas semelhantes que estão em desenvolvimento nessas áreas de coprodutos que podem, junto com outros cientistas, agregar valor à cadeia do biodiesel como um todo.

Simone explica que é uma oportunidade de troca científica, as instituições nestas ocasiões se fazem presente visando estabelecer novas parcerias e fortalecer as suas marcas. “Com isso é possível enriquecermos o nosso trabalho discutindo com outras pessoas que dão sugestões e fazem questionamentos, ampliando nossa visão e isso leva a um salto de qualidade”.

O 6º Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel e o 9º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel será no Praiamar Natal Hotel & Convention em Natal, Rio Grande do Norte, no período de 22 a 25 de novembro de 2016.

A temática do evento “Biodiesel: 10 anos de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil” é para destacar os avanços obtidos pelo Brasil na PD&I em Plantas Oleaginosas e Biodiesel, bem como celebrar uma década da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel. Há tempo não ocorre um evento voltado para a temática do biodiesel, e por isso um grande número de instituições são esperadas.

Além do tema coprodutos, também serão abordadas outras áreas temáticas: Matéria Prima; Armazenamento, Estabilidade e Problemas Associados; Caracterização e Controle da Qualidade; Produção do Biocombustível; Uso de Biodiesel; e Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável.

A Embrapa Agroenergia é uma das apoiadoras dos eventos que são organizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações #MCTIC e conta com o apoio da UFLA – Universidade Federal de Lavras e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para mais informações acesse o site:oleo.ufla.br/congresso2016

 

 

Embrapa Agroenergia

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