Polo canavieiro concentra metade das startups de agronegócio do Brasil

O Estado de São Paulo, responsável por mais de 55% da produção nacional de cana-de-açúcar (48,22 % de etanol e 63,74% de açúcar) na safra 2015/2016, abriga 37 das 74 empresas de tecnologia recém-criadas no País com atividades voltadas exclusivamente para o agronegócio.

Segundo um levantamento divulgado recentemente pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) e AgTech Garage, 15 destas companhias estão instaladas no AgTech Valley, ou Vale do Piracicaba, um conglomerado de startups para a agricultura inspirado no Vale do Silício, na Universidade de Stanford (EUA), onde atuam companhias como Facebook, Apple e Google.

O consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, destaca o pioneirismo da iniciativa lançada em maio de 2016 com o objetivo de integrar o trabalho de diversas empresas e intuições de pesquisas localizadas no município paulista. “O projeto cria uma rede importante de relacionamento, dá mais visibilidade aos diversos agentes que compõem a Agtech Valley. Isso poderá resultar em novas oportunidades de investimentos em soluções que no futuro poderão garantir a posição de destaque do Brasil no atual mapa do agronegócio mundial” afirma o especialista.

O presidente do Conselho Deliberativo da Incubadora ESALQTec, Mateus Mondin, destaca que o Vale do Piracicaba cria um ecossistema com 80 empreendimentos já instalados na região. “Ele organiza o sistema de inovação tecnológica que é, sem dúvida nenhuma, o Vale do Silício da agricultura. Seguindo o modelo americano, temos a ESALQ como um centro de gravidade (a exemplo da Universidade de Stanford), onde surgem as inovações amparadas por outras instituições de ensino superior. Existem startups para todas as áreas do agronegócio”, explica Mondin.

Outros resultados

De acordo com outros dados revelados pelo censo da ESALQ, as 15 startups focadas em biotecnologias, agricultura de precisão e softwares para gestão que atuam em Piracicaba representam 18,6% do total de iniciativas dessa natureza no País. A região soma mais empresas do que o restante dos estados brasileiros. O ranking é formado por SP (37), Minas Gerais (13), Paraná (7), Santa Catarina (6), Rio Grande do Sul (5), seguidos do Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Amazonas e mais o Distrito Federal, todos com uma companhia cada.

Em relação à idade média da equipe de fundadores, a investigação feita pela ESALQ revela que 44% possuem entre 31 e 40 anos, 25% têm de 26 a 30 anos, 16% estão com mais de 40 anos, 12% situam-se na faixa 21-25 anos e 3% ainda não chegraram aos 20 anos. Dos integrantes com expertise técnica, 53% completaram o ensino superior.

Para os novos empresários do ramo tecnológico do universo agro, a ideia de montar startups surgiu predominantemente durante a vida acadêmica (21%) ou em empregos anteriores (21%). Para o restante dos entrevistados, a inspiração surgiu na observação de outros mercados (20%), demanda não atendida como consumidor (15%), outros (11%), hobby (6%) e vivência com negócios familiares (6%). Dentre as principais dificuldades enfrentadas pelas novas empresas, estão: capital inicial para investir na ideia (66%), conquista dos primeiros clientes (49%) e a não dedicação full-time ao negócio (48%). (Unica)

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