A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou novas diretrizes globais sobre a qualidade do ar, indicando que a poluição aérea causa danos à saúde humana em concentrações ainda mais baixas do que se pensava. No Brasil, apenas dez estados e o Distrito Federal possuem redes de monitoramento da qualidade do ar, segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), que lança nesta quinta (30) sua nova Plataforma da Qualidade do Ar, registrando a qualidade do ar no país e monitorando se os estados estão se adequando às novas exigências da ONU.
Atualmente, apenas o Ceará, Pernambuco, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul — e o DF — têm alguma unidade de monitoramento da qualidade do ar, as quais, com frequência, indicam a ultrapassagem da concentração de poluentes do ar nos padrões da OMS. “Os dados reunidos no novo site demonstram que o monitoramento da qualidade do ar no Brasil é insuficiente tanto na cobertura espacial quanto na cobertura por poluente”, aponta David Tsai, coordenador do projeto do IEMA.
O Rio de Janeiro é o estado com a cobertura mais adequada, possuindo 125 estações, enquanto São Paulo tem 76 e Minas Gerais tem 50 delas. Os outros não atingem nem 10 unidades de monitoramento em todo o estado. Por exemplo, Goiás e Distrito Federal sequer monitoram os principais poluentes de forma automática, divididos em: material particulado (MP10 e MP 2,5), ozônio (O3), dióxido de enxofre (SO2) e monóxido de carbono (CO).
Tsai explica que o MP 2,5 são partículas sólidas ou líquidas capazes de adentrar o sistema circulatório do corpo humano, gerando problemas de saúde. Este material só passou a ser monitorado efetivamente no Brasil a partir de 2018, com exceção de São Paulo, que decretou padrões para o poluente em 2013. “Quanto menor a partícula, mais ela consegue passar pelos ´filtros´ naturais do organismo como nariz e pulmão, podendo chegar à corrente sanguínea causando diversas doenças”, acrescenta David Tsai.
A importância da qualidade do ar
No Brasil, a gestão da qualidade do ar é regulada através de Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), mas o país ainda carece de uma rede básica e um sistema completo de informação. A Plataforma da Qualidade do Ar, do IEMA, reúne e padroniza os dados obtidos pelo poder público e funciona como uma ferramenta de análise para orientar as decisões das autoridades públicas, além de informar a sociedade e científica.
A plataforma apresenta as informações detalhadas de cada uma das estações presentes no país, incluindo dados de onde elas estão, poluentes que são monitorados e se houve uma coleta suficiente de dados. Ainda, o site registra a evolução da poluição aérea ao longo do tempo e compara as informações brasileiras com as metas estabelecidas pela OMS.
Para a realização de todo esse trabalho, a equipe de IEMA mantém contato com cada instituição gestora da qualidade do ar e estabelece parceria para que os dados sejam compartilhados, como os Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs), prefeitura e o Ministério do Meio Ambiente. Canal Tech