Com a elevação da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel, que passou neste ano de 10% (B10) para 12% (B12), a produção brasileira do biocombustível deverá chegar a 7,3 bilhões de litros, segundo projeção da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), obtida pela Globo Rural. O volume é recorde.
“Em 2022, o Brasil produziu 6,3 bilhões de litros de biodiesel. Neste ano, o novo cronograma de mistura trouxe mais previsibilidade para a indústria investir. Com isso, teremos um recorde histórico de produção, que confirma o Brasil como o terceiro maior produtor mundial de biodiesel”, afirma Daniel Amaral, diretor de Economia e Assuntos Regulatórios da entidade, que representa processadoras e tradings do segmento.
Cada ponto percentual a mais de mistura representa um aumento de 650 milhões de litros no volume de produção. Com a adoção do B13 a partir de março de 2024, segundo o cronograma oficial do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a Abiove calcula que a produção do biocombustível chegará a 8,4 bilhões de litros no ano que vem. O calendário prevê que a mistura subirá para 15% em 2026.
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o biodiesel brasileiro é capaz de reduzir em pelo menos 80% a emissão de gases de efeito estufa quando comparado com o diesel de origem fóssil. “Além disso, quando se aumenta a mistura de biodiesel, há uma redução no mesmo volume de importações de biodiesel”, diz ele. Com a mistura que está em vigor, a necessidade de importações de diesel é 12% menor.
Entre 2008, quando passou a vigorar a mistura obrigatória, e o ano passado, a produção brasileira de biodiesel somou 60,1 bilhões de litros. Esse volume evitou a emissão de 130 milhões de toneladas de CO2, o que equivale ao total das emissões de toda a população do Paraná em 2022, por exemplo.
O executivo da Abiove destacou ainda que o nível de exigências de qualidade do produto aumentou. Segundo ele, com a entrada em vigor da resolução ANP Nº 920/23 (RANP 920) neste ano, o Brasil passou a contar com o biodiesel com maior controle de qualidade do mundo.
Uma resolução do CNPE prevê aumento gradativo da participação da agricultura familiar no fornecimento de soja, gordura e óleos para as fabricantes do biocombustível. A participação dos pequenos agricultores no fornecimento de soja para biodiesel é hoje de cerca de 15%, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário. A Abiove estima que a fatia pode chegar a 20% até 2026. Globo Rural