A energia elétrica gerada a partir de biomassa entre os meses de janeiro e dezembro de 2018 é de 26.441 gigawatt-hora (GWh), que permite atender a demanda de uma cidade como Ribeirão Preto (SP) até o ano de 2032. A produção foi superior em 1% em relação a 2017, na qual foram gerados 21.565 GWh.
A principal matéria-prima desta energia limpa é a cana-de-açúcar, que representa 82% desta produção energética – 21.565 GWh. O restante é proveniente de restos de madeira, palha entre outros. Estes números fazem parte do levantamento da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), com base em dados preliminares da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
O maior produtor desta energia limpa é o Estado de São Paulo, com 44,7% (11.248 HWh), seguido por Mato Grosso do Sul (16,2%), Minas Gerais (12,04%) e Goiás (10,04%). Confira no gráfico.
A energia por biomassa é limpa e desafoga um pouco o sistema elétrico nacional que é mantido pelas usinas hidrelétricas (62,2%). Atualmente, de acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN) da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) a energia gerada por biomassa representa 8,2% da matriz energética brasileira, superior a mundial que é de apenas 2,3%. Em 2017, números mais recentes, das 367 usinas de cana brasileiras, 57%, isso é, 206 exportam energia para o Sistema Elétrico Nacional (SIN). Desde 2013, o setor mais exporta para o sistema, na porcentagem de 60% exportado e 40% para consumo interno.
Segundo o gerente em Bioeletricidade da Unica, Zilmar de Souza, quase 92% dos 25.370 GWh – ofertados entre os meses de janeiro a novembro do ano passado – foram produzidos entre abril e novembro, período praticamente coincidente com a colheita da cana na região Centro-Sul e o mais seco para o setor elétrico, resultando em custos onerosos para o consumidor final. “A geração de energia pela biomassa, não intermitente em época de estiagem, certamente contribuiu para a redução do custo final da operação do sistema para o consumidor”, comenta Zilmar.
Entraves
A cogeração de energia por biomassa teve um pequeno aumento de 2017 para 2018, mas é inferior a outros anos, por exemplo, entre 2012 e 2013 o acréscimo chegou a 32%. Este declínio se deve a uma falta de política estruturada e instigante para o setor com a contratação regular e crescente nos leilões neste ano. “Não temos visto estímulos para manter a cadeia produtiva. Deve-se ter sinergia entre o setor elétrico e energético para incitar os novos investimentos”, pontua Zilmar.
A partir de 2007, o bom momento institucional do etanol aprimorou os investimentos na cogeração de energia pelas usinas. Depois de 2010, a expansão foi freada. “O setor elétrico começou a fechar as portas para energia por biomassa em preferência as outras renováveis, como solar, eólica, etc”, reflete.
E por último, já a partir de 2015 até os dias atuais aa produção de energia pela biomassa passa por imbróglios devido a MP 579 que define a judicialização do mercado energético em curto prazo. “As usinas não conseguem receber o que geram. Por exemplo em janeiro deste ano receberam apenas 2% da energia gerada e em dezembro de 2018, apenas 0,2%”, revela Zilmar.
Para 2019, o setor aguarda resolver o fim da judicialização e, assim, fornecer mais energia para a rede e ajudar no déficit hídrico e, por fim, a fornecer energia elétrica mais barata para o consumidor. “Há necessidade de estimular a cogeração de energia antes da época tradicional – que é abril – com a o uso de outras matérias-primas pelas usinas do setor sucroenergético”, afirma. Mas para a Unica a cogeração de energia por biomassa não é preferência do governo para 2019. “Solucionar o imbróglios tem prioridade é zero no governo”.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia