Projeto de lei está em votação
O Brasil está se destacando como o primeiro país do mundo a considerar todo o ciclo de vida de carros, dispositivos e combustíveis, desde a sua produção até o descarte. Isso é evidenciado pelo conceito “do berço ao túmulo” presente no Programa de Combustível do Futuro, que já foi discutido na Câmara dos Deputados e agora está em pauta no Senado. Esse programa visa acompanhar todas as etapas, desde a fabricação dos automóveis até os componentes utilizados, levando em consideração o impacto ambiental, especialmente o consumo de carbono durante a fabricação desses veículos.
O foco em reduzir a emissão de carbono na atmosfera é fundamental para combater as mudanças climáticas e garantir um futuro sustentável para o planeta. A transição energética para uma sociedade descarbonizada é um desafio global que requer ações coordenadas em diversos setores, conforme destacado pelo presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha.
Essa transição não se limita apenas aos combustíveis e meios de transporte, mas abrange todos os aspectos da vida cotidiana, desde eletrodomésticos até utensílios de limpeza e alimentação, e até mesmo na fabricação de veículos. Isso significa repensar toda a cadeia produtiva e de consumo, buscando alternativas mais sustentáveis e com menor pegada de carbono.
O Brasil tem combustíveis com menos carbono, como a gasolina e o etanol sintéticos e há mais de 50 anos, o etanol que é um combustível limpo e ao mesmo tempo renovável. O País também conta com biodiesel, biometano, o biogás e a bioquerosene de aviação.
O conceito “do berço ao túmulo” enfatiza a composição do veículo, a fonte do combustível utilizado e a quantidade de carbono consumida ao longo de seu ciclo de vida. Além disso, aborda a questão do descarte adequado do automóvel no final de sua vida útil.
Noção presente
Atualmente, há um conceito conhecido como “tanque à roda” em que se observa apenas o combustível utilizado para movimentar um veículo, sem considerar a fonte desse combustível. André Rocha, elucida a publicidade dos carros elétricos que promove a ideia de que são veículos não poluentes por não emitirem gás carbônico enquanto estão em movimento. “No entanto, é importante notar que há emissões de CO2 durante a fabricação de todos os componentes do carro, além dos desafios relacionados ao descarte das baterias e à origem da energia elétrica usada para abastecê-los. Esse conceito de “tanque à roda” revelou que não estamos reduzindo efetivamente a pegada de carbono na mobilidade, levando o mundo a rejeitar essa abordagem”, pontua.
E isso fica evidente já que as empresas que fabricam carros movidos apenas a bateria perderam significativamente valor de mercado. Há três anos, as três maiores valiam um trilhão e meio de dólares. Hoje, embora ainda valham 640 bilhões de dólares, perderam mais da metade do valor. Outros 17 fabricantes também perderam muito em seu valor de mercado, alguns até 80 ou 90 por cento.
Segundo o presidente do Sifaeg, essas fabricantes estão migrando para a produção de veículos híbridos, combinando motores a combustão com baterias elétricas. “Contudo, é crucial que a fonte de energia seja limpa. Não faz sentido usar um carro híbrido ou movido a bateria e abastecê-lo com energia de termelétricas a diesel ou a carvão, como acontece na China”, elucida.
Além deste projeto, também estão em andamento iniciativas alinhadas às práticas de ESG, como o projeto de transição energética, que visa criar um novo padrão de matriz energética com baixas emissões de carbono e fontes renováveis, como vento e biomassa. Também está em curso o Projeto de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que será o novo regime automotivo sucedendo o Rota 2030. Seu objetivo fundamental é ampliar as exigências de sustentabilidade da frota automotiva e promover o desenvolvimento de novas tecnologias nas áreas de mobilidade e logística. (Cejane Pupulin/ Canal – Jornal da Bioenergia)